Mais um ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná se entregou à polícia. Dessa vez, foi o ex-diretor de Recursos Humanos, Cláudio Marques, que se apresentou à Polícia Civil no fim da tarde desta segunda-feira (11). Marques se apresentou no 5.º Distrito Policial, no Bacacheri. Ele deve ser transferido para um presídio na terça-feira (12).
Na semana passada, outro ex-diretor da Alep foi preso. José Ary Nassiff, que atuava como diretor administrativo. Já Marques é acusado de apropriação de dinheiro público e lavagem de dinheiro em um esquema de contratação de funcionários fantasmas na Alep. Ele foi condenado a 19 anos de prisão.
As fraudes na Assembleia Legislativa vieram a público após a divulgação de uma série de reportagens intitulada “Diários Secretos”, publicada pela RPC e pelo jornal Gazeta do Povo. De acordo com os levantamentos, o rombo nos cofres públicos chegou a mais de R$ 200 milhões.
As matérias investigativas mapearam as nomeações de funcionários fantasmas no legislativo estadual. Desde a indicação até a publicação das nomeações, tudo passava pelos diretores e pela Mesa Executiva da Casa, da qual o deputado Nelson Justus (DEM) era o presidente e Alexandre Curi (PMDB) o primeiro-secretário.
Muitos dos funcionários só emprestavam os documentos para a fraude e jamais foram trabalhar na Assembleia, nem apesar de gordas quantias serem desviadas em nome deles. Germina Leal de Matos era uma dessas pessoas. Em nome dela, foram desviados cerca de R$ 3 milhões. A mulher nunca viu a cor desta fortuna, vivia com a família em situação precária. Ela emprestava os documentos em troca de R$ 150 mensais.
Como ela, centenas de pessoas foram envolvidas no esquema e foram “contratada” pela Alep, sem nunca jamais terem pisado nos corredores da Alep. As nomeações eram publicadas em Diários Oficiais da Assembleia com circulação mínima, que nunca chegavam às mãos da população. Estrategicamente, eram impressos apenas um dezena de exemplares, que ficavam nas mãos de poucos e só eram apresentados quando alguma das indicações era questionada.
A reportagem recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo e gerou várias mudanças também na estrutura da Assembleia Legislativa. Além da publicação dos atos nos Diários, a Casa conta atualmente com um portal da transparência, que aponta todos os gastos e atos tomados pela administração do Legislativo.
