Um dia após milhares de brasileiros terem ido às ruas para protestar contra o Congresso e a favor da Operação Lava Jato, a consultoria de risco político Eurasia elevou a probabilidade, de 10% para 20%, de o presidente Michel Temer não terminar o seu mandato. Em nota enviada a clientes, diz, entretanto, que o risco ainda é considerado muito baixo, por estar abaixo de 30%.

continua após a publicidade

Para elevar a probabilidade, a consultoria cita o nível de agitação social em meio a um período de expansão das investigações da Lava Jato. Diz também que os protestos colocaram Temer em um terreno instável. “Enquanto o número de manifestantes (de 100 a 400 mil, segundo diversas estimativas) ainda não chegou perto do auge dos protestos contra Dilma Rousseff (de 3 a 6 milhões), este foi o maior protesto sob a gestão Temer”, afirmam os analistas.

continua após a publicidade

Além disso, destaca a consultoria, o governo enfrenta uma significativa pressão do lado da economia, que tem dado sinais de recuperação muito lenta para 2017, e uma enorme nuvem paira sobre a classe política em razão do acordo de delação premiada assinado por cerca de 80 executivos da Odebrecht na semana passada.

continua após a publicidade

A Eurasia destaca também que o aumento do nível de agitação social e os desdobramentos da Lava Jato ocorrem enquanto o governo se prepara para apresentar uma proposta para reforma da Previdência, uma questão impopular e mais sensível aos brasileiros. “Não é surpresa que a imprensa esteja começando a especular se o presidente Temer pode realmente terminar seu mandato, que vai até 2018”, diz a nota.

Apesar disso, a Eurasia ressalta que o risco de Temer abreviar o seu mandato ainda é muito baixo, uma vez que ele conta com forte apoio do Congresso. Além disso, os analistas acreditam que não há uma alternativa clara a Temer e dizem que, mesmo que haja aprofundamento da agitação social, o presidente está pronto para se posicionar contra as tentativas do Congresso de barrar a Lava Jato.