Reeleito à prefeitura de Curitiba no primeiro turno das eleições, em outubro, com folgada maioria sobre os adversários, Beto Richa (PSDB) foi imediatamente lançado candidato ao governo do Paraná em 2010. Um projeto que o coloca em rota de colisão com um dos principais aliados, o senador Osmar Dias (PDT), que trabalha pelo mesmo objetivo. Em entrevista por e-mail a O Estado do Paraná, Beto disse que ainda é cedo para tais preocupações e fala de desafios mais imediatos, como o cumprimento das promessas de campanha, entre elas, a construção do metrô em Curitiba.
O Estado do Paraná – O senhor foi eleito numa coligação com inúmeros partidos. Como vai contemplar a todos os apoiadores na sua nova equipe? Essa retribuição aos aliados não pode comprometer o critério de eficiência da equipe?
Beto Richa – Todos os partidos me apoiaram de forma natural, sem impor condições. Não foi apoio à pessoa, foi apoio a uma gestão que trouxe avanços para a cidade. Não há esta obrigação de contemplar a todos. Obviamente, todos os partidos têm em seus quadros pessoas capacitadas para contribuir com a administração municipal. Vamos aproveitar algumas dessas pessoas, mas sempre com o critério da experiência e da qualificação técnica.
OE – Uma candidatura sua ao governo em 2010 é um projeto acalentado pelo PSDB. Como o senhor analisa essa possibilidade?
BR – É cedo para falar em projeto para 2010, pelo menos em nomes. O importante é que a aliança que se formou agora se mantenha e se fortaleça, porque é uma aliança em torno de uma administração municipal bem-sucedida e um modelo de gestão pública moderna e eficiente, que pode trazer benefícios também para o Estado. Mas o PSDB e os demais partidos da aliança têm muitos nomes fortes e capacitados para uma candidatura desse porte.
OE – O que o senhor tem dito ao senador Osmar Dias (PDT) quando conversam sobre os projetos para 2010? Por que o senhor nunca disse, de forma categórica, que irá apoiar a candidatura dele ao governo? Ele já disse que é candidato em 2010.
BR – O Osmar Dias é um candidato natural a 2010 desde as eleições estaduais de 2006, e eu nem preciso dizer isso a ele. Mas em política não se pode antecipar nada. Em nossas conversas, o que concordamos é que precisamos manter a aliança formada em 2006, que ganhou corpo em 2008, e que será fundamental para o Estado retomar o ritmo de desenvolvimento.
OE – O senhor vai assumir a presidência estadual do PSDB em 2009? Esse movimento para levá-lo ao comando do partido é uma estratégia para impedir que o senador Alvaro Dias retome o controle do PSDB do Paraná e comece a construir sua pré-candidatura ao governo?
BR – Não há estratégia para impedir o senador Alvaro Dias ou qualquer outro político de nosso partido de ter seu espaço. Eu sou soldado do partido. Se a vontade da maioria for para que eu dispute a presidência, é uma hipótese que eu teria que levar em consideração. Mas não é uma questão pessoal, e sim partidária.
OE – No plano nacional, PSDB e PMDB conversam abertamente sobre a possibilidade de uma aliança para a disputa presidencial de 2010. Aqui, também se cogita uma aproximação entre os dois partidos para a eleição ao governo em 2010. Entre as versões, está a de que o deputado estadual Alexandre Curi poderia ser candidato a vice-governador numa chapa encabeçada pelo senhor. É possível um acordo e em que bases?
BR – Os cenários nacional e estadual são diferentes, não há como trazer uma discussão nacional para o plano estadual. O certo é que essa discussão está no nível nacional e que todos os apoios e alianças que visem a fortalecer e a dar visibilidade ao nome do candidato do PSD,B à Presidência da República serão bem-vindos.
OE – O senhor e o governador Roberto Requião voltarão a conversar no próximo ano ou as relações administrativas continuarão interrompidas? Por que o senhor ainda não procurou o governador para tratar das questões da cidade?
BR – Eu sempre estive disposto a conversar com todas as pessoas. Sou prefeito de Curitiba e tenho que buscar o que é melhor para a cidade. Infelizmente, o diálogo com o governo estadual não fluiu da forma que gostaríamos. Mas posso dizer que as relações entre a prefeitura e o Estado estão melhorando. O comitê da Copa 2014 é um exemplo disso, com grupos dos dois governos trabalhando em harmonia.
OE – As tarifas de ônibus vão aumentar em 2009? Em que etapa estão os estudos sobre esse assunto?
BR – As datas de aumento de tarifa que foram noticiadas não passam de especulação. Obviamente que um dia a passagem terá que subir, mas eu nunca disse que seria em 2009 ou estipulei datas. O que digo é que sempre lutaremos para manter a tarifa de Curitiba entre as mais baixas do Brasil, como é hoje, graças aos esforços que fizemos nos últimos anos, reduzindo a tarifa em 2005, congelando-a em 2006 e promovendo um ajuste pequeno em 2007. Também lançamos a tarifa domingueira de R$ 1,00. Então é muito claro que esta é a administração que defende sempre uma tarifa de ônibus justa para a população.
OE – A construção do metrô foi uma das promessas principais de sua campanha. De onde virão os recursos para essa obra? Quando elas começam?
BR – O metrô é uma necessidade para a evolução do transporte público em Curitiba, e não uma simples promessa de campanha. É um compromisso que assumimos com a população. Já iniciamos a licitação do projeto básico, temos o aval da CBTU, que inclusive apontou nosso projeto como modelo a ser seguido. Essa credibilidade do projeto nos ajudará a buscar os recursos, dos governos estadual e federal e de financiamentos internacionais. As obras começarão em 2010.
OE – Além do metrô, qual será o diferencial dessa sua segunda administração?
BR – A alta aprovação da atual gestão mostrou que ela vem num caminho correto, do qual não podemos nos afastar muito. Manteremos a prioridade em educação, saúde e em obras de infra-estrutura nos bairros. Vamos avançar com novos investimentos nos bairros levando melhorias de infra-estrutura, como a implantação de unidades de saúde mais especializadas, como o Hospital do Idoso, da Mulher e o Centro do Homem. Temos o desafio de manter a educação básica como a melhor do País e fazê-la avançar ainda mais, com abertura permanente de novas vagas.
OE – Sua mulher, Fernanda, já foi apontada como possível candidata a prefeita à sua sucessão. Depois, também foi cogitada para uma candidatura a vice-governadora na chapa de Osmar Dias. Afinal, o PSDB tem algum projeto político-eleitoral para Fernanda?
BR – Não está nos planos da nossa família uma projeção política da Fernanda ou disputas de cargos públicos. A Fernanda fez um trabalho exemplar na Fundação de Ação Social e tem ainda muito a contribuir com a cidade, seja como secretária ou primeira-dama.
