Embaixador em Washington entre 1986 e 1991, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira afirmou nesta segunda-feira, 15, que a nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a representação diplomática do Brasil nos Estados Unidos deveria ser “repensada”. “Essa indicação tem que ser considerada a partir de uma visão objetiva sobre o que representa para o Brasil o embaixador em Washington”, disse o ex-ministro.

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Como avalia a intenção do presidente Jair Bolsonaro de nomear o filho Eduardo para a embaixada em Washington?

Essa escolha tem de ser analisada do ponto de vista da própria história da embaixada brasileira nos Estados Unidos. Uma característica desta embaixada é ser liderada por alguém que se distinga – no Brasil e no exterior – como uma figura importante da cultura, da economia ou da política brasileiras.

Os últimos embaixadores em Washington tiveram uma trajetória antes de chegarem lá.

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Exatamente. Os Estados Unidos são uma sociedade muito complexa. O embaixador tem de ter não só uma boa imagem, mas uma boa representatividade junto ao presidente, ao Congresso americano, ao Judiciário. É uma sociedade que não permite exagero, nenhuma passagem dos limites legais. Também é preciso ter uma grande capacidade de falar com a comunidade acadêmica, com empresários, intelectuais, jornalistas. São credenciais que parecem não existir (em Eduardo Bolsonaro). Espero que essa nomeação seja repensada. Essa indicação tem de ser considerada a partir de uma visão objetiva sobre o que representa para o Brasil o embaixador em Washington. É uma grande responsabilidade. O trabalho está ligado a problemas nacionais, de comércio, da dívida externa, do crédito, não é meramente político. É um cargo de política pública, de Estado, e não de governo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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