O melhor resultado das eleições para o Congresso, do ponto de vista do Brasil, foi a saída do republicano Chuck Grassley, de Iowa, da posição de vice-líder da Comissão de Finanças do Senado. Ativo opositor da redução da tarifa de importação do etanol e das preferências comerciais a produtos do Brasil, Grassley será substituído por Orrin Hatch, de Utah, Estado sem tradição agrícola e crítico dos subsídios. A mudança poderá anular uma série de pendências que há anos contamina a agenda Brasil-EUA.
A convivência política entre os dois países a partir de 2011, quando Dilma Rousseff assume a Presidência e o Congresso americano toma posse, ainda é incerta. O presidente dos EUA, Barack Obama, telefonou para Dilma para cumprimentá-la e falou de seu “compromisso em aprofundar a cooperação bilateral e explorar novas áreas de colaboração”. Segundo analistas, essa agenda positiva depende de gestos e decisões que a presidente eleita tomará antes da posse. Em especial, a escolha do sucessor de Celso Amorim no Itamaraty.
Do ponto de vista político, o cenário para a relação Brasil-EUA é ainda marcado pelas tensões criadas pela aproximação de Brasília com Teerã, e pelo episódio de Honduras. Segundo Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano, o Brasil certamente será alvo fácil de críticas do novo Congresso nas audiências das comissões de Relações Exteriores das duas Casas.