O candidato ao governo pela coligação Paraná Unido, senador Flávio Arns (PT), fez quase dois milhões de votos na eleição de 2002, mas nesta campanha eleitoral ainda não conseguiu repetir o desempenho. O PT não tem uma explicação imediata para as dificuldades de crescimento de Arns nas pesquisas de intenções de votos, mas uma das soluções é colar a campanha do paranaense à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocupa uma folgada liderança no cenário da sucessão presidencial e é dado como praticamente reeleito.
O comício de ontem à noite com Lula, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, já está dentro desta estratégia. ?Queremos aproximar o Paraná do governo federal. Estamos trabalhando para relacionar nossa campanha com a do presidente Lula, reforçando junto à população a idéia de que é 13 no Brasil e 13 no Paraná?, disse Arns. O senador petista citou que, historicamente, o PT sempre faz em torno de 15% dos votos para o governo no Estado, e acredita que vai superar este patamar.
Arns disse que não tem queixas da militância do partido, que vestiu a camisa de sua candidatura. ?É extraordinária a participação da militância. Há uma afinidade e um empenho muito grande. Se estamos tendo alguma dificuldade não é, com certeza, na base?, afirmou o candidato, que não esconde o desconforto com posições expressadas por lideranças do partido sobre sua candidatura.
Ans ficou chateado com o coordenador nacional da campanha de Lula no Paraná, Jorge Samek. ?Acho que algumas declarações dizendo que ele achava que não deveria ter candidatura própria não foram apropriadas. Nós demos autonomia para ele ser o coordenador da campanha do presidente no Paraná e não para trabalhar contra o PT. Este tipo de avaliação nos enfraquece. Mas eu acho que ele vai refletir sobre isso e entender que essa candidatura foi desejada por todo o partido e que todos temos uma responsabilidade coletiva com ela?, disse.
Polarização
Samek disse a O Estado que Flávio está trabalhando muito e que não quis desqualificar a candidatura. ?Não se trata do Flávio. Ele é um leão. Ele está viajando, correndo, animado. Ele está fazendo tudo o que um candidato pode fazer. O candidato poderia ser o Samek ou o Rosinha. O fato é que todos teríamos dificuldades num espaço polarizado como esse. Este é o problema?, disse o coordenador da campanha de Lula.
Para Samek, a candidata ao Senado, Gleisi Hoffmann, que está em ascensão nas pesquisas de intenções de votos, encontrou um ambiente mais favorável que o candidato ao governo. ?A Gleisi é um fenômeno que pegou. Mas a conjuntura é diferente, porque o concorrente mais direto dela já tem dezesseis anos de Senado?, comentou.
Carreatas, panfletagens, adesivaços estão na programação da campanha de Arns. Um dos coordenadores da campanha majoritária do PT, Roberto van der Osten, afirmou que a margem de crescimento do candidato petista é grande. ?Nós achamos que esses números nas pesquisas não refletem o trabalho que estamos fazendo na campanha do Flávio. Nós temos trabalhado numa outra dinâmica que é junto aos movimentos sociais. Mas acredito que esse esforço que faremos nos próximos dias, colocando a campanha na rua, envolvendo a militância, vai dar uma vitaminada. Nesta reta final, a campanha vai ser intensificada e vamos converter isso em votos?, disse.
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