O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse nesta terça-feira, 15, que os chefes dos Executivos estaduais terão que “sentir” a disposição do Congresso antes de enviar uma proposta de aumento da alíquota da CPMF de 0,2% para 0,38%, como foi discutido na reunião com a presidente Dilma Rousseff realizada na noite de segunda-feira, 14. Se a nova CPMF for aprovada com 0,20%, os recursos serão destinados apenas à União. O aumento de 0,18% garantiria repasses para Estados e municípios.

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Segundo Pezão, além do aumento da alíquota, os Estados e municípios terão que chegar a um acordo sobre a distribuição dos recursos obtidos com o 0,18% extra. “Estamos reunindo os governadores para a gente trabalhar dentro do Congresso. Não sei como vai ser o critério de distribuição. Vamos ter que sentir o Congresso”, afirmou.

Questionado por que o governo não propôs a volta da CPMF com alíquota de 0,38%, contemplando Estados e municípios, Pezão disse que a intenção do Planalto foi “ter o empenho dos governadores” para aprovação da nova CPMF e das demais propostas no Congresso.

Aliado da presidente Dilma, Pezão defendeu apoio às propostas do governo para enfrentar a crise econômica e criticou setores da oposição que se mobilizam contra o pacote. “Quero ver quando a oposição chegar ao governo, como vai fazer. É uma hora de sacrifício de todo mundo”, afirmou.

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Também os servidores públicos, disse Pezão, deverão dar uma cota de sacrifício. “Os empregados da iniciativa privada estão perdendo emprego”, disse o governador, em referência indireta à estabilidade dos funcionários públicos. A proposta do governo federal adia o reajuste dos servidores federais de janeiro para agosto do ano que vem, o que já provocou reação negativa da categoria.

O secretário estadual de Fazenda, Júlio Bueno, criticou o lançamento do pacote do governo federal e a criação da CPMF com alíquota de 0,2% sem divisão com Estados e municípios. “É um equívoco não contemplar (Estados e municípios). Tenho um diagnóstico diferente do que é feito pelo governo federal. A crise não é do governo, é do Estado brasileiro. As medidas devem ser discutidas em conjunto pelos governadores e a presidente da República. Com o conjunto dos governadores, as medidas passam no Congresso”, disse.

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Bueno diz que os Estados sozinhos não podem fazer mudanças fundamentais, como alteração da idade mínima para aposentadoria, fim da paridade entre ativos e inativos e desvinculação do reajuste das aposentadorias ao do salário mínimo, propostas defendidas pelo secretário.

Segundo Pezão, na reunião de segunda-feira, a presidente Dilma e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acenaram com uma possível liberação de empréstimos pedidos por Estados e municípios. Em agosto, foram suspensas as análises dos pedidos de financiamento internacional feitos por governadores e prefeitos. O Tesouro é quem dá garantia nos empréstimos pedidos a organismos internacionais como Bando Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Foi uma boa notícia, há muitos financiamento represados”, disse Pezão.

Pezão já levou à presidente Dilma e ao ministro Levy proposta de renegociação das dívidas dos Estados, mas a ideia foi rejeitada. “Eles não aceitam nem começar a conversar, dizem que impacta o superávit. Renegociar a dívida dos Estados seria uma grande saída, mas eles acham muito difícil ter essa discussão”, lamentou. Uma das propostas é a de redução do pagamento da dívida dos Estados de 13% para 9% da Receita Líquida Real (RLR), já descartada por Dilma e Levy.

O governador voltou a dizer que o déficit previdenciário é um problema sério do Rio de Janeiro e de todos os Estados. Embora ainda não tenha calculado o impacto de receber parte da CPMF, no caso de ser aprovada alíquota de 0,38%, Pezão disse que “melhoraria um pouquinho” o rombo da previdência estadual. “Nessa fase difícil, qualquer pingo é um tsunami”, afirmou. “Temos que encontrar uma solução, senão no futuro outros Estados estarão como o Rio Grande do Sul”, alertou Pezão. O Rio Grande do Sul teve as contas bloqueadas pelo Tesouro Nacional, por falta de pagamento da dívida com a União. Além disso, o governo gaúcho parcelou o salário dos servidores do Executivo, o que gerou greve de várias categorias.

Déficit em 2016

Segundo o diretor-presidente do Rioprevidência, Gustavo de Oliveira Barbosa, em 2016, o Estado pagará R$ 17 bilhões a 263 mil aposentados e pensionistas e a receita esperada da previdência é de R$ 11,5 bilhões, o que indica um déficit de R$ 5,5 bilhões. A queda na arrecadação de royalties é um dos fatores do rombo previdenciário.

Na semana passada, o governador enviou à Assembleia Legislativa projeto que altera regras para concessão de pensões por morte, nos moldes do que foi feito pelo governo federal. A proposta reduz o pagamento futuro a viúvas jovens e casadas há pouco tempo. Se o projeto for aprovado, haverá uma redução inicial de R$ 19 milhões no primeiro ano de vigor das novas regras, calcula Barbosa. Auditorias nos benefícios e cruzamentos com as previdências de municípios fluminenses suspenderam pagamentos irregulares e permitiram economia de R$ 650 milhões em dois anos e meio.