O coordenador da equipe de transição de Beto Richa (PSDB), Carlos Homero Giacomini definiu como “preocupante, dramática e inacreditável” a situação financeira do Estado ao apresentar, ontem, o relatório parcial do diagnóstico do Estado preparado a pedido do futuro governador.
Dizendo ter recebido 70% das informações solicitadas, a equipe de transição aponta um furo de R$ 1,5 bilhão nas contas do Estado, com antecipação de receitas, renúncias fiscais e previsão de despesas.
“A situação mais crítica é na área da Saúde, com o não cumprimento da aplicação de 12% do orçamento na área, como prevê a Constituição, e a retirada de recursos para 2011 em comparação a este ano”, disse Giacomini, informando que, apenas para a saúde, há um déficit de R$ 356 milhões o que, segundo ele, acabaria com os recursos para a área no mês de outubro.
Responsável pela área financeira da transição, Luiz Eduardo Sebastiani disse que a situação econômica do Estado é grave, “e facilmente percebida com casos de antecipação de receitas e outros movimentos que identificam a necessidade de se fazer caixa”.
Sebastiani disse que o relatório identificou casos de despesas “desnecessárias” assumidas já para o ano que vem e de antecipação de recursos que entrariam nos cofres públicos só em 2011, “como na questão do contrato da folha de pagamento do ParanáPrevidência e da busca por recursos do porto”.
Ele também alertou para a tentativa do governo de antecipar a receita com ICMS da Copel de 2011 para o pagamento do 13º salário do funcionalismo público.
Entre as informações ainda não recebidas pela equipe de Beto estão, segundo Sebastiani, questões fundamentais como: “Quanto o Estado tem em caixa, o que ainda falta pagar, o que ficará para o novo governador pagar, tem dinheiro para isso e quanto vai sobrar?”.
Giacomini, no entanto, disse que os problemas financeiros não impedirão Beto Richa de implementar o que está previsto no seu plano de governo para o ano de 2011.
“Não há esse risco, pois ele vai mudar a forma como o Estado é gerido. Com a máquina que temos hoje, sim, seria impossível realizarmos as transformações previstas”, disse. Para ele, a solução será “enxugar a máquina, cortar gastos com custeio em 15% e buscar eficiência na arrecadação, sem aumentar a carga tributária”, disse, lembrando que Curitiba foi a única capital que teve redução de arrecadação com o IPVA depois que o governo decidiu parar de emitir o carnê para o contribuinte. Por conta da morte do presidente da Copel, Ronald Ravedutti, ninguém da equipe do atual governo foi encontrado para comentar o relatório da equipe de Beto.