O esquema de jogos ilegais comandado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, continua a pleno vapor na internet, mesmo com a prisão dele há mais de 40 dias. Relatório da Polícia Federal aponta que integrantes do grupo de Cachoeira compraram um site de bingos online hospedado atualmente na Irlanda, mas voltado para apostadores brasileiros.

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Com base em quebras de sigilo telefônico, bancário e de e-mails feitas com autorização judicial, a PF descobriu que o grupo havia adquirido a página eletrônica do Brazil Bingo por R$ 1 milhão. Segundo a polícia, para concretizar a transação, eles se utilizaram de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas usando contas bancárias sediadas em Curaçau, paraíso fiscal localizado no mar caribenho.

Investigações revelaram que Cachoeira delegou a Lenine Araújo, o segundo homem na hierarquia do grupo, poderes para contratar os serviços de tecnologia de informação e dos desenvolvedores do site. O pagamento teria envolvido operações “dólar-cabo”, uma transação ilegal de câmbio – muito utilizada por doleiros – em que o dinheiro é remetido por meio de compensação, sem repasse físico ou controle de órgãos do governo.

Jogo virtual

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Pelo site, que se intitula o “primeiro e único bingo ao vivo do mundo”, o internauta é convidado a conhecer e apostar em jogos “realizados em tempo real”. Há partidas de pôquer, mesa de cartas e caça-níqueis, especialidade do grupo de Cachoeira em Goiás e no entorno do Distrito Federal, até a deflagração da operação policial. Os prêmios, segundo a investigação, eram controlados pelo esquema.

O site permite aos visitantes que façam suas apostas por meio de cartões de débito e de crédito e emissão de boleto bancário. Nessa última modalidade, a polícia descobriu que o boleto é emitido em favor de uma empresa sediada em São Paulo, a Tinkey Serviços de Cobrança Ltda.

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“No que toca à exploração transnacional do jogo, merece destaque que os pagamentos para jogar no site e os prêmios em caso de êxito (cujas margens, conforme se vê dos diálogos degravados, são controladas pela organização) são pagos no Brasil”, destacou o Ministério Público Federal, em parecer enviado à Justiça Federal de Goiás antes de deflagrada a operação policial.

O juiz Paulo Augusto Moreira Lima autorizou o bloqueio dos recursos da conta da Tinkey e dos seus sócios, Sandro e Christian Uema.

O advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, disse que não iria se pronunciar sobre as investigações da PF porque o inquérito está sob segredo de Justiça. A reportagem não localizou os representantes dos demais citados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.