As escutas de comunicações de autoridades brasileiras realizadas pela agência de espionagem americana foram “fatos gravíssimos”, que “continuam a ser um problema” no relacionamento entre os dois países, disse hoje em Washington o ministro das Relações Exteriores, Luiz Fernando Figueiredo.

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Os dois países fecharam na manhã desta quarta-feira, 1º, acordo que coloca fim a 12 anos de disputa em torno de subsídios à produção de algodão nos EUA. Ao anunciar o pacto, Figueiredo fez questão de frisar que ele representa um passo importante para o aperfeiçoamento das “relações comerciais” entre Brasil e Estados Unidos e resistiu a avaliar a situação das relações políticas, abaladas pela revelação do escândalo de espionagem, no ano passado.

“É a solução de um problema específico em uma área específica, que é a área comercial”, declarou em entrevista. “Uma coisa é a área comercial e outra é a área política. As duas coisas são parte da relação maior entre os dois países.”

A presidente Dilma Rousseff cancelou há um ano visita de Estado que faria a Washington em outubro de 2013, em reação ao monitoramento de suas comunicações pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). Desde então, o relacionamento bilateral de alto nível está semiparalisado.

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Um processo de reaproximação foi iniciado em junho com a visita ao Brasil do vice-presidente americano, Joe Biden. Mas divergências entre os dois países voltaram a aflorar na semana passada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), durante a qual Dilma criticou os ataques aéreos dos Estados Unidos no Iraque e na Síria contra posições do grupo terrorista Estado Islâmico.

Em discurso realizado logo depois ao de Dilma, o presidente Barack Obama pediu apoio mundial à operação militar contra os extremistas, que já degolaram três ocidentais na Síria.

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Na sexta-feira, 26, Figueiredo deveria se encontrar com o secretário de Estado americano, John Kerry, para discutir vários temas da agenda bilateral. O brasileiro cancelou a reunião com menos de 24 horas de antecedência por determinação de Dilma, que o chamou de volta ao Brasil para enfrentar a repercussão negativa da posição defendida na ONU em relação ao Estado Islâmico.