Na avaliação de cientistas políticos ouvidos pela Tribuna, o impeachment de Dilma Roussef não vai melhorar a crise econômica e política do País. Se ela ficar, a crise continua como está, mas pode melhorar um pouco. Se ela sair e assumir o vice Michel Temer, a coisa pode piorar. Para Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), se Dilma permanecer no cargo, preserva-se a ordem e a democracia. Ela tentará recuperar seu espaço político, mas sem garantia de governabilidade. Na visão dele, a situação política e econômica deve ficar como está e Dilma pode até conseguir alguma melhora, já que está ciente de que o povo não está satisfeito com a gestão dela. Ele opina que a crise política não deve passar de 2018.

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Enfraquecida

“Ela vai perder muito apoio. Vai governar enfraquecida e terá que negociar muito mais as matérias que quiser aprovar no Congresso. Mas assim é o presidencialismo. O que difere do presidencialismo aqui e em outros países é que, lá fora, os presidentes seguem seus mandatos até o fim. Aqui no Brasil está se tomando a situação com o insustentável, para derrubar a presidente antes do término do seu mandato”, analisa o cientista político Luiz Domingos Costa.

Se correr o bicho pega

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Para os cientistas políticos, se Temer assumir a presidência, o cenário não melhora. “O impeachment de Dilma abre precedente para o enfraquecimento dos próximos presidentes. Sempre que um partido for eleito, a oposição terá este comportamento, achando-se no direito de derrubar o atual presidente para entrar no poder. Corremos o risco de termos governos fracos, retirados do poder a cada dois anos”, pondera o professor Luiz Domingos Costa.

Segundo ele, não se sabe se Temer terá uma linha moderada ou radical, já que terá um mandato muito curto para fazer o que quiser (dois anos). O que se imagina é que ele vai tentar remediar a situação, tentando apagar o fogo da crise. “Mas vai ser muito difícil. Será um governo fraco, igual como se Dilma permanecesse. É uma conta que só vai zerar lá em 2018”, acredita.

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Já para o cientista Ricardo Oliveira, o cenário pode ser pior. “O Temer não tem popularidade nem legitimidade para assumir, já que não terá sido eleito por votos. Quem comandará tudo por trás dele será o Eduardo Cunha. Ele é pior do que o Temer, porque é réu confesso num processo de lavagem de dinheiro e corrupção passiva”, diz.

E pro povão?

Na visão do cientista Ricardo Oliveira, a insatisfação da população com a crise vai crescer rápido demais e haverá mais confrontos nas ruas, paralisações nas empresas e o aumento da corrupção. Será um cenário de muita dificuldade para todos.

Retrocesso

“Os velhos poderes terão chance para triunfar. Aquela velha mídia manipuladora, os velhos políticos e o Judiciário, aqueles velhos empresários que antigamente queriam tirar os direitos sociais dos trabalhadores, acredito que vão todos voltar. As bolsas sociais do governo podem ficar ameaçadas também”, analisa.