Escudeiro é preso na PF, interrogado e depois solto

O chefe de gabinete do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), Amauri Martins Escudeiro, foi preso ontem e prestou depoimento por seis horas no prédio da superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Foram feitas mais de 140 perguntas.

O superintendente Jaber Saadi afirmou que Escudeiro não será indiciado no mesmo inquérito dos demais envolvidos presos na última terça-feira. "Ele vai ser indiciado em um inquérito à parte, que corre em segredo de justiça. O que estamos apurando aqui são fatos sérios, porque essas pessoas tiveram realmente acesso à informações que não deveriam ter, ninguém além da Justiça. O fato é que agora vamos analisar e ver como ele (Escudeiro) teve acesso a esses documentos", explica.

Na Superintendência da PF, continuam detidos quatro envolvidos no caso, que serão ouvidos e liberados paulatinamente, como afirma Jaber Saabi. Segundo ele, no decorrer das investigações, se verificada a necessidade, haverá pedido de quebra de sigilo de qualquer natureza.

Escudeiro teria que depor na última sexta-feira, mas não compareceu e teve a prisão temporária de cinco dias decretada. Ontem, pela manhã, ele se apresentou na sede da PF e foi preso. Segundo o superintendente Jaber Saadi, a prisão foi necessária para garantir os esclarecimentos do assessor. Depois de prestar depoimento, Escudeiro foi liberado.

"Ele foi preso porque teria que prestar esclarecimentos em relação às suas atitudes, como a posse da mala de documentos", afirmou Saadi. Ainda de acordo com o superintendente, durante o depoimento, que começou após às 8h e terminou às 15h, Escudeiro teria apresentado todos os esclarecimentos necessários para que as investigações procedessem. "Hoje (ontem) ele prestou todos os esclarecimentos. Agregou todas as informações que estávamos querendo, por isso já está sendo liberado. Não tem mais porquê ele ficar aqui (preso)", informou.

Escudeiro disse que compareceu à superintendência da PF por vontade própria e que ficou sabendo da expedição da própria prisão pela imprensa. "Vim espontaneamente me manifestar à Polícia Federal, como viria naturalmente. Na sexta eu já estava em Curitiba e já estava pronto, só que cheguei à tarde", afirmou. Sobre o depoimento, ele diz que foi simples. "Apenas estamos interessados em verificar a existência do esquema de corrupção na Itaipu Binacional, que acontece desde 2001. Não encaminhamos nenhum documento que fossem confidencial ou reservado. Estamos do lado da verdade", alegou.

Questionado sobre o envolvimento do deputado Luis Carlos Hauly (PSDB), Escudeiro disse que ele sempre solicitou, desde 2001, investigação sobre a Itaipu. "Nesse episódio nós vamos provar que houve abuso político. Fomos engendrados numa corrente e sabemos que não manuseamos documentos confidenciais. A partir de agora, vamos enviar todas as denúncias que temos de contratos forjados", disse Escudeiro.

Sobre as provas que o PSDB possui, Escudeiro disse que ainda não são suficientes para configurar a existência de caixa dois, mas já configuram a existência de uma "caixa-preta". "O caixa dois será configurado quando a Polícia Federal e o Ministério Público, como se comprometeram, investigarem todos os contratos, principalmente de publicidade que, somente em 2004, movimentaram R$10 milhões", afirma Escudeiro.

Durante o depoimento, o assessor apresentou à Polícia Federal um dossiê elaborado por um ex-funcionário da Itaipu do lado paraguaio, sobre a configuração da corrupção do mesmo lado. "O modus operandi do lado brasileiro é o mesmo. Diante dos fatos, vamos (PSDB e PFL) apresentar um pedido de CPI sobre a Itaipu Binacional de qualquer maneira. Aí contamos com a colaboração do Partido dos Trabalhadores. Será que o PT quer investigar a Itaipu?", questiona Escudeiro.

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