A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) conseguiu os R$ 352 mil necessários para pagar uma dívida com a Justiça, resultado de um processo aberto quando ainda era prefeita de São Paulo. Sem recursos para quitar o débito, a parlamentar recebeu apoio de políticos de todo o espectro partidário, da situação à oposição ao governo federal, que organizaram vários jantares para arrecadação de dinheiro. A causa também recebeu apoio da população, que depositou de R$ 2 a R$ 20 mil na conta aberta para ajudar a deputada.

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“Recebemos hoje a confirmação de que atingimos o valor para pagar a dívida. Na verdade, os recursos ultrapassaram o montante necessário”, disse Erundina à Agência Estado. Os cerca de R$ 7 mil restantes irão para uma instituição de caridade, que ainda será escolhida por ela e amigos que ajudaram na campanha.

Erundina já autorizou a transferência do dinheiro para a respectiva conta da Justiça, mas seus bens só serão desbloqueados depois que o Judiciário voltar do recesso, em fevereiro. Foram interditados o apartamento em que ela vive em São Paulo, cujo valor é de cerca de R$ 100 mil, e dois carros. Além disso, desde abril deste ano, 10% da remuneração da parlamentar passou a ser recolhida automaticamente pela Justiça.

As maiores doações foram obtidas por meio de jantares organizados por parlamentares e amigos, segundo a deputada. O primeiro, realizado por amigos, rendeu R$ 30 mil. Outro, organizado pelos deputados estaduais tucanos Bruno Covas e Milton Flávio, ambos de São Paulo, apurou outros R$ 30 mil. Em João Pessoa (PB), um jantar organizado por seu partido, o PSB, juntou R$ 60 mil. Em Brasília, evento realizado por movimentos sociais rendeu R$ 20 mil. Mais R$ 50 mil foram apurados em jantar oferecido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o PT de São Paulo.

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Campanha

A deputada contou que no período da campanha pela arrecadação de recursos recebeu centenas de mensagens de apoio das mais variadas pessoas, inclusive de adversários políticos, que pretende publicar, talvez na internet. “Estou muito emocionada com o apoio, com a pluralidade das pessoas que ajudaram.”

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A decisão judicial que condenou a deputada a pagar R$ 352 mil foi resultado de ação popular movida quando Erundina era prefeita pelo PT e veiculou anúncios em jornais em apoio à greve geral de 1989. A ação pedia a reposição aos cofres públicos do dinheiro utilizado pela prefeitura nas propagandas. A Justiça entendeu que os anúncios não atendiam ao interesse público.

Condenada em última instância pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2003, Erundina só teve seus bens penhorados no fim de 2008. Para a deputada, houve perseguição política na ação. Ela argumenta que os anúncios pelos quais foi condenada eram necessários para informar a população que serviços essenciais, como o transporte público, não estavam funcionando a contento. Nas peças, a ex-prefeita também se posicionava a favor do movimento grevista.