A nova equipe econômica nomeada pela presidente Dilma Rousseff deve se empenhar em resolver a questão do aumento do déficit fiscal do País, mas evitará prejudicar ganhos sociais do governo PT, avalia Antonio Prado, secretário executivo adjunto da Cepal, organismo das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe.

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Para ele, ao escolher Joaquim Levy, de perfil mais ortodoxo, como futuro ministro da Fazenda, a presidente deixou claro que prioriza uma solução para o aumento significativo dos gastos do governo. No entanto, de acordo com Prado, Nelson Barbosa à frente do Ministério do Planejamento condiciona o ajuste fiscal a uma “gradualidade” para não comprometer o mercado de trabalho aquecido e os interesses de segmentos mais vulneráveis da população. Para o economista, a manutenção de Alexandre Tombini como presidente do Banco Central sinaliza a continuidade de inflação dentro do sistema de metas. A Cepal calcula que o Brasil crescerá 1,3% em 2015, porcentual somente maior do que o projetado para a Argentina (1%) e a Venezuela (-1%).

Prado diz que a nova equipe econômica lembra o time formado no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas o País apresenta, para ele, um quadro melhor agora, com inflação dentro do intervalo de metas, desemprego baixo e acúmulo de reservas internacionais. “A carteira de ajustes não deverá ser a mesma aplicada em 2003”, acredita.

A secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, disse durante a entrevista coletiva que a economia brasileira foi impactada em 2014 pela queda das exportações, que sempre foram o principal motor do desenvolvimento dos países da região, e pela volta da inflação alta, responsável por diminuir o poder de consumo. “O Brasil protegeu os salário, o que compensou um pouco para os trabalhadores”, afirmou.

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O organismo das Nações Unidas reduziu nesta terça-feira a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1,4% para 0,2% em 2014, a menor expansão entre todos os países da região. Situação pior só a da Argentina e da Venezuela, cujas economias devem “encolher” neste ano 0,2% e 3%.