Na linha de frente dos aliados dispostos a defender os parentes do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nomeados para cargos comissionados, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) mostrou hoje que o seu apoio está balançando. Ele não gostou da zombaria revelada na conversa de Fernando Sarney e do filho dele, Fernando Michels Gonçalves, nomeado em fevereiro de 2007 para trabalhar no gabinete do senador petebista, com salário de R$ 7,6 mil – o neto de Sarney deixou o gabinete em agosto do ano passado, exonerado por um ato secreto, para esconder o nepotismo.
Sem ter dado expediente no gabinete, Fernando Michels foi substituído na vaga pela mãe, a ex-candidata a miss Brasília Rosângela Terezinha Michels Gonçalves. Hoje, quando perguntando sobre o que achou da conversa revelada pelo Estado, Cafeteira desabafou: “Eu não tenho o que fazer, o que o jornal disse está dito”. Quanto ao incômodo que o diálogo pode causar, Cafeteira foi igualmente lacônico: “Não, não me deixa incomodado. Eu nem estou mais ligando para isso”.
No diálogo com seu pai, Fernando Michels faz zombaria com uma decisão de Cafeteira que o mandou chamar no gabinete. “Aí eu cheguei lá, e ele falou: ‘Pô, eu só queria te ver. Teu pai perguntou se você estava trabalhando e eu tinha de te ver para falar com ele'”, conta o filho do empresário, numa conversa entrecortada por gargalhadas.