Hostilidades entre parlamentares governistas e opositores marcaram a cerimônia do prêmio Congresso em Foco na noite desta quinta-feira, 19, em Brasília. A cordialidade entre deputados e senadores homenageados, comum em edições anteriores da premiação, deu lugar a discursos contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro, interrompidos por gritos de apoio e vaias em repúdio ao governo, a depender do orador.

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No voto popular, aliados do presidente desbancaram a oposição. A vencedora na Câmara foi Carla Zambelli (PSL-SP). No Senado, Major Olímpio (PSL-SP) ficou como primeiro colocado. A escolha de um júri selecionado pela organização do evento foi diferente: Tabata Amaral (PDT-SP) entre os deputados e Simone Tebet (MDB-MS) entre os senadores.

Convidados, os dez primeiros da lista de melhores senadores e deputados no voto popular estavam presentes – a única ausência foi a líder do governo, Joice Hasselmann (PSL-SP), quarta colocada, que não assistiu ao triunfo da desafeta Zambelli.

Entre os “top 10”, havia mesas com parlamentares de PT, PSOL, PDT, PSB, Rede, PSDB, DEM, PRB, Podemos e Cidadania. As primeiras vaias e gritos de “mito”e “Bolsonaro” foram para Luiza Erundina (PSOL-SP), habitué do prêmio, que falou contra o autoritarismo e a direita e disse que tem compromisso de “lutar pela democracia”.

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Parlamentares e assessores da base bradaram contra ela, enquanto aliados gritavam o nome da ex-prefeita de São Paulo. O correligionário Marcelo Freixo (PSOL-RJ) também foi alvo ao falar em resistência democrática e agradecer sua família. “Divido este prêmio com minha família, que sabe o que é viver de uma forma bacurau no Brasil. A razão disso é que eu fiz uma escolha na minha vida, que foi de enfrentar as milícias, e isso me levou a uma vida bacurau. Outros escolheram se alinhar à milícia e se elegeram senadores da República”, declarou, referindo-se ao filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, provocando vaias de bolsonaristas.

A oposição retrucou no discurso de Carla Zambelli, que dedicou o troféu e sua eleição aos militantes do movimento Nas Ruas e ao presidente Jair Bolsonaro. “Foi com o apoio dele e seguindo o reflexo dele que hoje estou segurando esse prêmio”, disse a parlamentar, provocando reações negativas da mesa do PSOL. Foi a senha para que o líder do PSL no Senado, Major Olímpio, explorasse a potência de sua voz rouca para bradar, como de praxe, em defesa de Bolsonaro, sob vaias.

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“Não tem a menor importância esse tipo de manifestação. O capitão Jair Messias Bolsonaro não foi (eleito) pelas armas, foi pelo voto popular, pela democracia. No lema de Jair Bolsonaro, vão ter que engolir, Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”, esbravejou Olímpio, prestando continência à plateia.

Na mesa do PSOL, os deputados Talíria Petrone (RJ), David Miranda (RJ), Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP) responderam em coro: “Ditadura nunca mais” numa tentativa de abafar alguns aplausos dos governistas.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Felipe Francischini (PSL-PR), tentou apaziguar ao agradecer a todos os deputados do colegiado “de esquerda, de direita e de centro”.

Com parlamentares de primeiro mandato e veteranos entre os premiados, a cerimônia voltou a ser mais concorrida, lotada de deputados, familiares e assessores. O clima só se apaziguou no fim, após um buffet de massas e doces, a oposição caiu na pista de dança, ao som de hits do sertanejo, como “Jenifer” e “Amor Falso”, além de funks de sucesso de MC Kevinho.

Entre os deputados mais empolgados e desenvoltos nos passos estavam Felipe Rigoni (PSB-ES), Rodrigo Agostinho (PSB-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Joênia Wapichana (Rede-RR). Tabata Amaral também arriscou alguns passinhos de funk e sertanejo entre assessoras.

Os embalos foram regados a cerveja, vinho tinto e espumante, e whisky. Um dos poucos do PSL que resistiu até o fim da festa, Felipe Francischini (PR) preferiu observar à distância.