A escolha de Tarcísio Delgado como candidato do PSB em Minas Gerais pode ser considerada uma derrota para o PSDB no Estado. Tucanos ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, não esconderam o descontentamento com a escolha de um nome considerado “dilmista” pela legenda. Até a escolha de Tarcísio, outro nome cotado era o de seu filho Júlio Delgado, presidente do PSB mineiro que chegou a anunciar apoio ao candidato do PSDB em Minas, o ex-ministro Pimenta da Veiga.

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Questionado sobre a resistência do PSDB ao seu nome, Tarcísio não fugiu da divergência. “Acho que não (ficaram satisfeitos com a escolha). E fico muito satisfeito de eles não ficarem satisfeitos. Eu não tenho nada a ver com tucano, nada mesmo”, disse.

Buscando até o último momento atrair o PSB para a chapa de Pimenta, o PSDB saiu perdendo com a escolha de um candidato tido como hostil para disputar o governo de Minas pela legenda de Eduardo Campos. “Eu os suportei (peessedebistas) razoavelmente durante um certo tempo. Depois que o PSDB passou a ser representante da grande direita no Brasil, eu rompi definitivamente com o PSDB”, afirma o ex-prefeito de Juiz de Fora.

A candidatura sobrou para Tarcísio em meio à disputa entre os integrantes da Rede, totalmente contrários à aliança com Pimenta, e a ala mais tucana do partido, liderada por nomes como o do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, e o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. Tarcísio diz que não conversou com Marina, mas decidiu ser candidato na última quarta-feira, 25, atendendo a um pedido de Campos. “Não era meu propósito ser candidato a cargo algum neste momento. Surgiu a hipótese de conduzir a bandeira do PSB. Eu nasci para a luta, sempre fui uma pessoa de afirmação. Não sei muito dizer não às boas causas”, conta.

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Tarcísio Delgado tem 78 anos de idade – mais de 40 deles no PMDB – e há 6 anos estava afastado das campanhas eleitorais. Neste tempo, ele mantém um blog onde comenta economia e política. Opiniões expostas sobre uma suposta “má vontade” da mídia com a economia brasileira e as críticas ao julgamento do mensalão são consideradas por antigos aliados uma prova do posicionamento de Tarcísio. “Eu realmente não sou crítico da Dilma como os tucanos são, muito pelo contrário. Acho que tem problemas sérios no governo, mas acho que há pontos positivos que devem ser reconhecidos, e eu reconheço. Mas desde que me filiei ao PSB estou com o Eduardo Campos”.

Caso aconteça um segundo turno na eleição nacional entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, o candidato do PSB ao governo de Minas não esconde seu posicionamento. “Entre Aécio e Dilma, é lógico que eu tenho que ouvir o partido, mas a minha tendência será pró-Dilma. Mas repito, acho que o grande avanço que o Brasil precisa é o Eduardo Campos.”

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Em Minas, a decisão sobre o apoio a Pimenta da Veiga ou a Fernando Pimentel (PT) em um eventual segundo turno deve ser discutida pelo partido. Tarcísio mostra resistências em apoiar qualquer um dos dois, já que, além de seu distanciamento do PSDB, o pessebista alimenta restrições ao nome de Pimentel.

Tarcísio foi um peemedebista histórico em Minas e só se filiou ao PSB no ano passado, após se desentender com o PMDB por discordar do candidato indicado pelo partido para disputar a eleição em sua cidade. “O PMDB de que eu participei não existe mais”.

‘Decisão errada’

O presidente do diretório mineiro do PSDB, Marcus Pestana, em entrevista ao Broadcast Político, disse que a decisão do PSB-MG de lançar uma candidatura própria ao governo do Estado com a indicação de Tarcísio Delgado foi “errada” e segue imposição do diretório nacional do PSB. “A nossa PSDB-PSB convivência é de 12 anos não de 12 dias. O PSB sempre apoiou o governo, grande parceiro e ocupa cargos importantes. Acho que foi uma decisão errada do partido, que seguiu uma imposição do diretório nacional. Não foi uma solução natural”, declarou.

“Eles não agiram pensando em Minas Gerais, foi por pressão da direção nacional”, disse. Pestana também opinou que o presidenciável Eduardo Campos está cometendo erros estratégicos, citando o que ocorreu nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e, agora, Minas Gerais. “Temos convicção de que o Brasil quer mudança; o País não suporta mais quatro anos de governo Dilma. Mas Campos resolveu mudar sua estratégia, que está se revelando muito errática em Estados relevantes”, disse.