Foi sepultado ontem à tarde no Cemitério do Paquetá, em Santos, o corpo do coronel reformado do Exército Antonio Erasmo Dias, ícone da repressão militar. O adeus ao militar reuniu as seis filhas e uns poucos amigos dos tempos em que acumulava prestígio, poder e fama. Quinze coroas de flores adornaram o salão nobre da Assembleia, onde se realizou o velório. Vítima de complicações em decorrência de um câncer, Erasmo Dias morreu na noite de segunda-feira, aos 85 anos.
Oficial de artilharia, Erasmo ocupou o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo por cinco anos, entre 1974 e 1979, página de sangue dos porões. Foi nesse tempo que Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho morreram nas dependências do DOI-Codi e os legistas do coronel atestaram suicídio nos dois óbitos.
Na noite de 22 de setembro de 1977 o coronel escreveu capítulo truculento do regime. Inflexível no combate aos opositores dos quartéis, ele comandou a feroz invasão do câmpus da PUC e prendeu 900 estudantes. Dois anos depois, elegeu-se deputado federal pela Arena. Em 1989 foi constituinte estadual.