Um encontro do governador Roberto Requião (PMDB) com o senador Osmar Dias (PDT), no domingo passado, deixou oposição e situação desnorteadas no Paraná. A cinco meses da eleição, a visita do governador, candidato à reeleição, ao senador, principal aposta da oposição para vencer Requião no Paraná, foi vista com uma certa surpresa por aliados dos dois que, entretanto, trataram de minimizar o impacto da conversa, justificando que é natural haver um diálogo entre um governador e um senador.
Osmar e Requião conversaram na chácara do senador, em Quatro Barras, na companhia do secretário da Educação, Maurício Requião. Osmar disse que tem uma convivência de vinte anos com o governador e que esta não foi a primeira vez que Requião foi à sua casa. O governador, recentemente, esteve visitando o senador, que estava com problemas de saúde. O senador pedetista afirmou que poderá ser adversário de Requião na sucessão estadual, mas a disputa eleitoral não o impede de conversar e debater com o governador os temas importantes para o estado. "Seria bom que na política do Paraná houvesse uma abertura para conversas entre adversários. Seria bom que os políticos falassem na cara o que pensam, expusessem suas divergências. Eu não faço política com o fígado e eleição não é uma guerra. Eu não tenho nenhum problema pessoal com o governador", afirmou.
O senador afirmou que não recebeu nenhum pedido de apoio de Requião. "O que ele disse foi que sempre estivemos juntos e era uma pena que agora não estivéssemos. Isso não é uma proposta", disse Osmar.
Sem conseqüências
O senador Alvaro Dias, que está aguardando a definição do irmão sobre a candidatura ao governo, não se deixou impressionar pelo encontro entre Osmar e Requião. "Foi uma situação unilateral. O Osmar foi surpreendido com a visita, que não teve nenhuma conseqüência", afirmou Alvaro.
O senador tucano, que vem sendo pressionado pelas lideranças nacionais do seu partido a assumir uma candidatura ao governo, disse que as articulações nacionais impedem uma definição no quadro estadual. Mas citou que houve um investimento dos partidos "ditos" de oposição ao governo no Paraná na candidatura de Osmar e que é preciso consolidar esse esforço. "O candidato que está posto é o Osmar e tem que se aproveitar o investimento que foi feito nesta candidatura pelo partidos que o apóiam, incluindo o PSDB", comentou Alvaro, citando que a pressa em formalizar a candidatura majoritária é, sobretudo, dos candidatos proporcionais. Alvaro disse que, neste momento, está concentrado na disputa ao Senado, esperando por uma posição final de Osmar.
Já o presidente estadual do PSDB, deputado estadual Valdir Rossoni, disse que a visita do governador ao senador pode ter múltiplas interpretações. Ele viu na iniciativa do governador uma tentativa de convencer Osmar a desistir da candidatura ao governo. "Através da cordialidade, da amizade, ele quer demover nosso candidato", declarou Rossoni, que ironizou. "Inclusive, dá um pouco de medo, mas esse encontro foi um sinal de prestígio do nosso candidato."
O vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) disse que se trata de um episódio "normal" em política. "Os adversários também sentam à mesa para conversar. Para dialogar. Isso é bom", resumiu Pessuti, que não quis se prolongar nos comentários.
