Metade do dinheiro que bancou o comitê financeiro que reelegeu o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), em 2008 veio do Diretório Nacional do Democratas, que, por sua vez, recebeu em grande parte doações de empresas contratadas da Prefeitura. Somando sete delas, as doações ultrapassaram R$ 8 milhões. A constatação só pôde ser feita este ano porque os partidos prestam contas meses depois dos candidatos, o que dificulta a fiscalização das fontes de receita.
Maior doadora do DEM Nacional, com R$ 2,8 milhões, a Construtora Queiroz Galvão, por exemplo, recebeu da Prefeitura da capital paulista R$ 158,5 milhões desde 2005, início da gestão José Serra (PSDB)/Kassab. A segunda principal fonte de receita da legenda foi a Camargo Corrêa – R$ 2,6 milhões -, que tem dois contratos com a administração no valor de R$ 160,4 milhões. Os dados foram obtidos em pesquisa no Sistema de Execução Orçamentária da Prefeitura.
A lista traz ainda outras empreiteiras contratadas da Prefeitura, como OAS, Carioca, Serveng Civilisan, Via Engenharia e Gomes Lourenço. Juntas doaram cerca de R$ 2,7 milhões ao DEM e somam mais de R$ 420 milhões em contratos na cidade, a maior parte para urbanização de favelas, obras de saneamento e recuperação ambiental no entorno das represas Billings e Guarapiranga.
Doações de empresas com participação societária em concessionárias de serviço público, como Camargo Corrêa e a OAS, já levaram o promotor eleitoral Maurício Lopes a entrar na Justiça, em maio, com pedido de rejeição das contas de campanha de Kassab. Ele alega que a lei veta doação de concessionárias a candidatos.
Aprovação
O advogado do Diretório Estadual do DEM, Ricardo Penteado, afirmou que “não existe uma única irregularidade nas doações de recursos por quem mantêm contratos com a administração pública.” Penteado destacou que as doações ao comitê do prefeito estão dentro da lei e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Disse ainda que os contratos com a Prefeitura “são feitos mediante licitação e fiscalização”. Segundo ele, a lei não proíbe doações de sócios de concessionárias. Procurada, a Prefeitura não se manifestou.