Competitividade prejudicada

Empresários questionam projeto de piso regional

Demorou, mas os empresários paranaenses manifestaram-se, ontem, contra a proposta de reajuste do piso salarial regional no Paraná, anunciada no último dia 05 pelo governador Roberto Requião (PMDB).

Em reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), lideranças empresariais disseram que o reajuste de até 21,5% no mínimo regional é irreal e prejudica a competitividade dos produtos paranaenses por conta do aumento nos custos.

Na Escola de Governo do dia 05, o governador anunciou que mandaria para a Assembleia Legislativa, no primeiro dia de trabalho dos deputados em 2010 (1.º de fevereiro), proposta que reajusta o piso regional entre 11,9% e 21,5%.

Com o projeto, o salário mínimo no Estado passaria a variar entre R$ 663,00 e R$ 765,00. As entidades empresariais, que reclamaram de não terem sido procuradas para discutir os percentuais, vão solicitar audiência com o governo estadual e com a Assembleia “com o propósito de alertar sobre o risco que a medida representa”.

“Não somos contrários ao reajuste do salário, mas defendemos um índice real, com base em estudos técnicos”, disse Amilton Stival, coordenador do Conselho de Relações do Trabalho da Fiep, que conduziu a reunião.

Stival lembrou que a inflação no período, medida pelo INPC, foi de 4,18%, muito abaixo dos percentuais propostos pelo governo. “Em nenhum momento fomos procurados para discutir o tema. A decisão foi unilateral”, afirmou.

O presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Ardisson Akel alegou que o setor terá dificuldade para praticar o piso proposto, especialmente no interior do Estado, “onde a economia é toda baseada em valores menores”. Representantes dos setores agropecuário, comércio e transportes também participaram da reunião.

O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Carlos Manuel dos Santos, disse que não há exagero no índice de reajustes do mínimo regional. Ele explicou que os novos valores foram aproximados ao salário praticado pelo mercado para cada uma das categorias.

“Este é o papel do estado: reduzir disparidades e ter uma política social pró-ativa. Como se reduz distâncias salariais muito grandes? Propiciando reajustes diferentes, até porque um reajuste único só aumentaria estas diferenças”, disse.

Santos também discorda dos riscos de prejuízos à economia do interior do Estado e lembrou que o piso é destinado às categorias não sindicalizadas, “ou seja, às pessoas mais necessitadas e desprovidas de proteção de relações de trabalho, que não se encaixam no perfil dos trabalhadores cujas federações patronais estão questionando o reajuste”.

O economista do Ipardes Eron Maranho lembrou ainda que o reajuste terá impacto de apenas 0,2% no PIB do Estado, “mas para as pessoas que vão receber é uma diferença muito importante que vai ser revertida em mais consumo, mais produção e maior lucro”.

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