O empresário Marcelo Simões, que diz trabalhar com marketing, declarou à Polícia Federal que pagou R$ 2,3 milhões “na boa fé” a Leon Vargas, irmão do ex-deputado federal petista André Vargas (sem partido/PR). Simões e os irmãos Vargas são alvos da Operação ‘A Origem’, 11.ª etapa da Lava Jato, deflagrada sexta-feira, 10.

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À PF, Simões, sócio da IT7 Sistemas, disse que Leon Vargas recebeu aquela quantia por ter feito uma “avaliação” de sua empresa em R$ 50 milhões. Segundo Simões, ficou acertado que o irmão do ex-deputado receberia comissão equivalente a 8% ou 10% do valor atribuído à IT7.

A PF tem provas de que a lavanderia de dinheiro do doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato – foi usada por André Vargas, entre 2013 e 2014, para o recebimento de R$ 2,3 milhões em dinheiro da IT7 Sistemas, que mantém contratos no governo federal.

São notas fiscais, registros de depósitos e trocas de e-mails envolvendo a contadora do doleiro, Meire Pozza, e a IT7 Soluções, contratada da Caixa Econômica Federal, do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), vinculado ao Ministério da Fazenda, e outros órgãos de governo. A força-tarefa da Lava Jato tem elementos para acreditar que a IT7 – que tem escritório no Paraná e é administrada por Marcelo Simões – era usada pelo ex-deputado e seu irmão Leon Vargas para recebimento de propina em contratos do governo federal.

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Ao ser indagado pela força tarefa da Operação Lava Jato sobre qual exatamente foi o serviço executado por Leon Vargas para que merecesse um valor tão expressivo, o marqueteiro disse que o irmão de Vargas lhe disse que estava “fazendo levantamentos, bem como prospecção dos valores ativos do empreendimento, a fim de concretizar o negócio”.

Os investigadores perguntaram a Marcelo Simões se ele, efetivamente, “viu estes levantamentos ou documentos, ou ainda, e-mails ou serviço efetivo de Leon Vargas”. “Efetivamente não vi nenhum documento, este pagamento preliminar (R$ 2,3 milhões) foi na boa-fé.”

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Questionado sobre a origem do recurso entregue à Leon Vargas, o empresário declarou que “o valor fazia parte do caixa da empresa (IT7 Sistemas)”. Ele disse que fez uma transferência eletrônica e que a empresa “emitiu as notas fiscais respectivas”.

A PF apurou, por meio dos relatos do doleiro Youssef – preso desde março de 2014 – e de sua contadora que foi o irmão de Vargas que pediu, no final de 2013, o repasse de R$ 2,3 milhões em dinheiro. Depois de ser orientada pelo irmão de Vargas e por Simões, da IT7, Meire emitiu então as notas, recebeu e sacou os valores para serem disponibilizados em dinheiro vivo. Ela cumpria ordens de Youssef.

Os valores foram entregues a Vargas entre janeiro e fevereiro de 2014. Nessa época, ele era vice-presidente da Câmara dos Deputados e secretário de Comunicação do PT. Foram anexados ao pedido de prisão de Vargas e Leon, além das notas, as trocas de e-mail, em que Leon e Simões indicam a IT7 para emissão das notas fiscais para a contadora do doleiro.

A contadora e o doleiro não souberam dizer, nos depoimentos, qual a origem do pagamento da IT7. Meire identificou as três transferências eletrônicas bancárias, nos valores de R$ 964,3 mil, R$ 287,1 mil e R$ 1,1 milhão, como sendo relativas a operação para Vargas.