Empreiteiro será ouvido em ação contra Requião

O juiz Marcos Demchuk, da 16.ª Vara Cível de Curitiba, determinou ontem que o empreiteiro Darci Fantin seja intimado a depor no processo de calúnia, injúria e difamação movido pela ex-secretária de Comunicação do governo Lerner Cila Schulman contra o governador Roberto Requião (PMDB). Em audiência realizada ontem no Tribunal de Justiça, que contou com a presença de Requião e de Cila, Demchuk deu prazo de cinco dias para que o advogado do governador, Mário Lobo, encaminhe à Justiça o endereço de Fantin, cujo depoimento no Fórum está marcado para o dia 19 de abril.

Na mesma data, deverão ser ouvidos ainda o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, e o chefe do Cerimonial do governo, Jacir Bergmann II, que, assim como Fantin, foram citados pelo governador ontem na audiência. De acordo com Requião, Fantin também informou a Botto e a Bergmann que os R$ 10 milhões pagos pelo DER à DM Construção Civil teriam sido entregues à jornalista Cila Schulman, coordenadora de marketing da campanha do prefeito Beto Richa (PSDB) para a sucessão estadual.

As três testemunhas do governador que seriam ouvidas eram os secretários Nizan Pereira (Assuntos Estratégicos), Airton Pisseti (Comunicação) e o presidente do diretório estadual do PMDB, Renato Adur. Porém, somente Pereira compareceu, mas não foi ouvido, pois o juiz considerou que, como ele não ouviu as declarações de Fantin, o depoimento não teria relevância ao processo.

Na audiência, o governador reafirmou que Fantin lhe disse que ?o dinheiro se destinou a pagar os serviços de marketing e os custos de campanha de Beto Richa?. ?O cheque foi emitido duas horas antes de acabar o governo Lerner?, declarou. Segundo Requião, as obras na rodovia Curitiba-Garuva já teriam sido pagas integralmente no seu primeiro mandato. O governador lembrou também que, à época, o diretor-financeiro do DER era o irmão de Beto, José Richa Filho, que autorizou o pagamento.

Segundo o Palácio Iguaçu, Mário Lobo citou em defesa de Requião o depoimento de Fantin na ação que tramita na 2.ª Vara da Fazenda Pública, movida pelo governador no início do seu segundo mandato, em 2003, pedindo a nulidade do pagamento e o ressarcimento do dinheiro. ?Na contestação da ação movida contra ele, Fantin disse em sua defesa mais ou menos o seguinte: ?eu pedi, se me pagaram, em um processo administrativo que transitou por órgãos públicos como DER, Casa Civil, Secretaria dos Transportes e teve autorização final do governador Jaime Lerner, não fui eu sozinho que cometi a fraude?, relatou o advogado.

Cila afirmou que não recebeu o dinheiro e sequer conheceu o ?dito empreiteiro?. Ela disse que foi prejudicada pelas declarações de Requião, sendo impedida de trabalhar no primeiro turno das eleições municipais em Curitiba, em 2004. ?Depois da manifestação de Requião, tive de trabalhar no longínquo Amazonas?, afirmou.

Para o advogado de Cila, Luiz Fernando Pereira, o governador repetiu as acusações contra a sua cliente. Segundo Pereira, com as declarações do governador, o prejuízo a 2.ª Cila foi confirmado. ?A acusação é grave, mas tem cunho político de atingir o prefeito (Beto Richa)?, disse.

Há duas semanas, Fantin emitiu uma nota dizendo que nunca conversou com Requião a esse respeito. A ação corre na Justiça desde 2004, mas ganhou maior repercussão quando Requião repetiu a denúncia no último dia 13 deste mês, durante reunião da escola de governo, quando um oficial de justiça foi levar a ele a notificação da audiência. A origem da ação foi uma denúncia feita pelo governador quando assumiu o cargo em 2003, sobre um suposto desvio de R$ 10 milhões que teria sido pago irregularmente pelo DER à empresa de Fantin, que, por sua vez, teria sido repassado para a campanha eleitoral do prefeito Beto Richa. 

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