A Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante dos empregados da Petrobras, recebeu com resistência a indicação de Aldemir Bendine para a presidência da estatal, por causa da sua fama de “durão” nas negociações com os funcionários do Banco do Brasil, quando presidia a instituição. José Maria Rangel, diretor da FUP e ex-conselheiro da Petrobras, diz que isso é “preocupante”.

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Mas o petroleiro vê como fator positivo na nomeação do novo presidente da Petrobras o fato de ser um homem de confiança do Planalto. Em sua visão, isso significa que a tendência é que ele continue a defender os interesses de governo, como o controle dos preços dos combustíveis. A posição é exatamente contrária à do mercado financeiro, que interpreta a intervenção do Estado nas decisões empresariais um entrave à eficiência da Petrobras.

Rangel ainda ressaltou que Bendine traz em seu currículo a liderança do processo de retração dos juros em 2009 e que a sua gestão foi reconhecida pela governança. Para o diretor da FUP, isso demonstra que as decisões da empresa não eram centralizadas no presidente.

Dentro da estatal, a percepção é de que a diretoria aprovada hoje, em reunião do conselho de administração, representa a continuidade do modelo de administração anterior e que, assim, dificilmente haverá uma “limpeza” na companhia. Bendine “é mais do mesmo”, disse um gerente da Petrobras que não quis se identificar.

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Os diretores aprovados interinamente são todos do corpo técnico da estatal, funcionários de carreira da empresa de muitos anos. Todos eram gerentes-executivos e, por conta dos cargos de chefia, tiveram relação direta com ex-diretores investigados pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato, como Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró. A exceção é o diretor interino de Abastecimento, Jorge Celestino Ramos, que estava na BR Distribuidora e chegou à controladora há menos de um ano.

Durante a reunião do conselho de administração, a indicação de Bendine para a presidência recebeu um voto contrário do conselheiro representante dos empregados, Silvio Sinedino. Em sua página do Facebook, ele transcreveu o discurso de justificativa do voto, no qual sugeriu que a diretoria fosse escolhida no mercado como João Elek, que assumiu a diretoria de Governança, Risco e Conformidade. Já o quadro de gerentes deveria ser eleito internamente, entre os empregados.

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“Propomos que a seleção da alta gerência passe a ser feita internamente, pelos próprios trabalhadores da companhia, em eleição direta que indique a este conselho de administração uma lista com três nomes para cada cargo”, afirmou Sinedino aos demais conselheiros da Petrobras.