O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) afirmou que as últimas 48 horas foram dramáticas para o País, em razão da crise institucional que se instalou com o embate entre Legislativo e Judiciário. Na sua avaliação, o Congresso vive um momento de muito desgaste e isso é muito ruim para o Brasil, principalmente neste momento em que o País enfrenta uma crise. As afirmações do ex-senador foram feitas em entrevista à Rádio Estadão, na manhã desta quarta-feira, 7.

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Na noite de segunda-feira, 5, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello determinou o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, por meio de liminar. Na terça-feira, 6, no entanto, Renan não assinou a citação e a Mesa Diretora da Casa decidiu não acatar a decisão do ministro da Suprema Corte. Nesta quarta-feira, 7, o recurso do Senado à liminar será discutido no plenário do STF.

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Na entrevista, Delcídio comentou que o clima ruim já vem das últimas semanas e que as manifestações populares contrárias ao Legislativo fazem sentido. Ele disse que o Congresso “atravessou o samba” e atropelou a discussão das 10 medidas contra a corrupção, descaracterizando o pacote.

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Segundo ele, esse foi um movimento combinado e fruto da instabilidade que as investigações da Lava Jato trazem para o Legislativo. “O temor de novas revelações da Lava Jato cria um clima ruim e projetos não são debatidos”, disse, completando que o momento hoje no Brasil é de “desastre”.

O senador cassado disse também que está pessimista e considera muito difícil a Reforma da Previdência ser aprovada com esse clima de instabilidade no governo Temer. Segundo ele, a reforma precisa ser implementada, mas ele lembrou que nem Luiz Inácio Lula da Silva nem Fernando Henrique Cardoso conseguiram aprová-la. Para Delcídio, já será uma vitória a aprovação da PEC do Teto de Gastos ainda este ano.

“O Congresso, com suas lideranças de hoje, não tem condições de aprovar medidas. O Brasil deve ‘andar de lado’ até 2018, as perspectivas são desanimadoras”, disse.

Futuro da política

Como consequência dessa crise na política, provocada principalmente pelas investigações da Operação Lava Jato, Delcídio disse que deve haver um rearranjo nos partidos políticos, com mudança de nomes e políticos trocando de partido. “Os principais quadros políticos estão se deteriorando, acho que vai ter um novo desenho”.

O senador cassado acrescentou que essa nova arquitetura favorece um outsider nas eleições de 2018 e que é preciso estar atento a esse movimento de negação da política, que segundo ele, é preocupante. “Há uma criminalização da política, mas o Brasil precisa dos políticos e da política, que é a grande catalisadora das decisões do País”.

Delcídio chegou a ser preso no final de 2015 por tramar contra a Operação Lava Jato e foi cassado pelo Senado em maio passado. O ex-petista fechou acordo de delação premiada no qual revelou envolvimento dele e de colegas no esquema de desvios na Petrobras.