Os grupos que lideraram as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff voltaram às ruas nesse domingo, 26, para defender a Operação Lava Jato e protestar contra a introdução da lista fechada com financiamento público eleitoral na reforma política. O público, porém, foi consideravelmente o menor de todos os atos que aconteceram na Avenida Paulista entre 2015 e 2016.

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Os políticos, que no ano passado disputaram os microfones, dessa vez não apareceram. Entre os poucos que se arriscaram no ato estavam o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o deputado Major Olímpio (SD-SP). Apesar de críticas pontuais, o presidente Michel Temer (PMDB) foi poupado, enquanto o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, foi criticado.

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“Gilmar Mendes é uma vergonha nacional. Não está fazendo papel de juiz, mas de político”, disse no microfone o advogado Luiz Flávio Gomes, líder do grupo “Quero um Brasil ético”. Os organizadores não fizeram ainda estimativas oficiais, mas parte deles fala em 10 mil pessoas. A PM não divulgou a quantidade de presentes.

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Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), além do senador Aécio Neves (PSDB-MG), também foram criticados. Eles são acusados por parte dos manifestantes de tentarem promover um acordo para salvar a classe política diante das relações da Odebrecht.

O público não é maior que um dia normal de domingo, quando a Paulista fica fechada aos carros. No trecho de maior concentração, em frente ao Masp, onde está o carro do Vem Pra Rua, o público não lota nem um quarteirão.

“Deve ter umas 10 mil pessoas aqui, o que não é uma derrota. O tema agora é mais técnico”, disse ao Estado Luiz Philippe Orleans de Bragança, trisneto da princesa Isabel e líder do Acorda Brasil.

No dia 13 de março do ano passado, o movimento atingiu seu ápice e reuniu 1 milhão de pessoas na Paulista, segundo os organizadores.

Líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer concorda que a pauta agora é mais complexa. “A pauta agora não é tão simples e binária como o Fora Dilma e o impeachment”, afirma.

Os oito grupos que levaram carros de som para a Avenida Paulista convergiram sobre a defesa genérica da Lava Jato, o repúdio a qualquer tipo de anistia ao caixa 2, e contra a proposta de adotar lista fechada eleitoral com financiamento público. Mas existem algumas divergências. O NasRuas adotou lema “Armas pela vida” e espalhou faixas contra o estatuto do desarmamento.

Os “intervencionistas “, por sua vez, defenderam a intervenção dos militares e os monarquistas pediram a volta da família real ao poder.

O MBL, como de costume, aproveitou para promover seus líderes e potenciais candidatos em 2018. Camisetas e faixas com o nome a imagem de Kim Kataguiri foram colocadas em pontos estratégicos.

Em um discurso para um público esvaziado, o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), coordenador nacional do MBL, focou críticas contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e o PT.

“O lugar de Lula não é no palanque. É na cadeia. Lula foi o chefe de quadrilha mais poderoso do país”, disse. Segundo ele, Dilma não pode mais ostentar o título de mulher honrada. “Ela sabia das doações da Odebrecht”.