O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman rebateu o governador João Doria pelas críticas dirigidas ao PSDB na posse do cargo no dia 1º de janeiro. Integrante da ala mais tradicional do partido e adversário interno de Doria, Goldman defendeu que a legenda faça oposição ao presidente Jair Bolsonaro e admitiu a possibilidade de deixar a PSDB caso o governador paulista assuma o comando da sigla.
“Não nos confundimos nem com o setor petista e muito menos com o setor mais reacionário e retrógrado da sociedade que hoje vê em Jair Bolsonaro a redenção do País, não é o que vai acontecer. Temos que manter uma postura de oposição, mas absolutamente independente. A nossa posição é classificada como social-democrata”, disse Goldman à rádio Eldorado.
O tucano disse que vai fazer de tudo para impedir, em maio, que Doria tenha sucesso na tentativa de assumir o controle do partido na eleição para a Executiva Nacional da legenda. Doria tenta emplacar o deputado Bruno Araújo (SE) na presidência do PSDB. “Não quero que o partido seja conduzido e dominado por alguém, muito menos pelo João Doria.”
Goldman admite, inclusive, deixar o PSDB se Doria avançar na condução dos tucanos. “Pode acontecer dependendo do andar da carruagem, mas não é minha intenção. Minha intenção é levar a luta interna até o limite possível.”
No discurso de posse, Doria criticou indiretamente administrações tucanas anteriores e defendeu uma reestruturação da legenda. Goldman demonstrou forte discordância e disse que o discurso está alinhado com a suposta intenção do correligionário de se candidatar à Presidência da República em 2022.
“A afirmação do governador João Doria a respeito das administrações é evidente e absolutamente equivocada, para não dizer mais do que isso. Está dentro de uma linha de atuação com o objetivo político dele, mas não é a realidade do Estado.”
Criticando a intenção de privatizar a Sabesp, empresa que detém a concessão dos serviços públicos de saneamento básico no Estado de São Paulo, Goldman declarou que o governador e o secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, “não conhecem ainda o Estado”.