Cerca de cinco mil pessoas participaram nesta segunda-feira de um protesto organizado por sindicatos, associações e entidades de classe contra a ampliação em cerca de 720% da reserva indígena Kayabi no município de Apiacás, em Mato Grosso. A área que até 1999 era de 127 mil hectares passou para 1,053 milhão de hectares, que vai de Apiacás até Jacareacanga (PA). O decreto de homologação da área ampliada foi publicado no Diário Oficial da União em abril. Cerca de 350 famílias serão atingidas e terão de deixar a área.

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Os manifestantes bloquearam a MT-206 num trecho de ponte sobre o Rio Paranaíta. De acordo com o produtor Jeremias Prado Santos, o bloqueio começou na madrugada desta segunda e impediu o acesso ao canteiro de obras da Usina Teles Pires. Por causa da manifestação, o comércio e órgãos públicos não funcionaram.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a terra foi reconhecida como pertencente aos kayabi em 1915 e foi destinada a posse permanente dos grupos indígenas Kayabi, Mundurucu e Apiacá. Em 1974 foi demarcada com 47 mil hectares e em 1987 a área foi ampliada, com base em estudos antropológicos, para 127 mil hectares. Estudo posterior indicou a necessidade de ampliar para 1,053 milhão de hectares.

Os produtores alegam que as terras pleiteadas neste decreto presidencial foram colonizadas, vendidas e tituladas no início da década de 1960 pelo governo de Mato Grosso, com registro em cartório há mais de 50 anos.

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Segundo Prado, “na abrangência de sua ampliação no município de Apiacás não existem índios”. “A população não aceita esta ampliação.” De acordo com o produtor, no Pará, à margem direita do Rio São Benedito, há uma ocupação por 150 produtores e suas famílias há mais de 30 anos, numa área de 35 hectares. “(Eles) Também não aceitam tal ampliação.” Os manifestantes alegam ainda que a portaria do Ministério da Justiça de outubro de 2002 que permitiu a ampliação foi embasada “em laudo antropológico fraudulento”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.