Partidos do bloco de oposição ao governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), na Assembleia Legislativa do Estado, e integrantes da bancada do Estado no Congresso de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff organizaram um protesto e pedem explicações ao Executivo mineiro sobre uma prova aplicada a alunos da rede estadual de ensino. Em uma das questões da prova de código 326580 do Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar (PAAE), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece entregando dinheiro a políticos.

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Os estudantes deveriam interpretar a charge e escolher uma das quatro possíveis respostas da questão. A correta, pelo gabarito do exame, seria a letra “D”, segundo a qual o desenho “sugere, ironicamente, uma relação entre os movimentos sindicais do início da década de 1980 e o ‘mensalão’, refletindo sobre o processo histórico que levou os mesmos personagens de uma luta pela valorização do trabalhador à corrupção política”.

O líder da minoria na Assembleia mineira, deputado Antônio Júlio (PMDB), classificou o exame como uma “forma de agressão, sem precedentes na história, de um presidente do nosso País”. “É, no mínimo, uma falta de respeito enorme”, declarou. Ele ressaltou que outras questões também tinham “direcionamento político para beneficiar o PSDB”.

O parlamentar deu como exemplo outra questão que falava sobre as privatizações promovidas durante o governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. “Deram nossas empresas de graça, mas a resposta correta na prova era que as privatizações reduziram o déficit público para permitir ao governo direcionar recursos para áreas sociais”, observou. “É um claro direcionamento para a proposta neoliberal, favorecendo o governo Fernando Henrique”, acrescentou.

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Uma cópia da prova foi apresentada pelo deputado estadual Rogério Correia (PT), líder do bloco de oposição na Assembleia mineira (formado por PT, PMDB, PCdoB e PRB) aos representantes do Estado na Câmara e no Senado. Por meio de nota, o bloco protestou contra o exame e afirma que o caso tem “gravidade tripla” por usar recursos públicos para fazer “luta partidária” e que se trata de “conduta caluniosa” por “impor uma versão unilateral” em um caso em que não há “sequer acusação formal a Lula”.

A Secretaria de Estado da Educação (SEE) classificou a prova como equivocada e assumiu a responsabilidade pelo caso. Segundo a SEE, as provas do PAAE são geradas automaticamente, com base em um banco de dados composto por aproximadamente 57 mil itens. Ainda de acordo com a Secretaria, cerca de 35 mil questões ainda não foram revisadas e foram retiradas do banco de dados por ordem da secretária Ana Lúcia Gazzola. A SEE ainda está apurando a responsabilidade pela aplicação do exame e quais alunos da rede pública fizeram a prova.

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