Vítima de uma campanha da imprensa, que “personalizou a crise” institucional do Senado, e comandante de um processo de reformas administrativas que já somam 40 medidas. Essa foi a síntese da “prestação de contas” divulgada hoje pelo presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), em um discurso de encerramento do semestre legislativo. No plenário, seis senadores: Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Alvaro Dias (PSDB-PR), Mão Santa (PMDB-PI), Roberto Cavalcanti (PRB-PB), Cristovam Buarque (PDT-DF) e João Pedro (PT-AM). Citando o filósofo e estoico Lúcio Séneca (4 a.C-65 d.C), Sarney encerrou o discurso dizendo que “as grandes injustiças só podem ser combatidas com o silêncio, a paciência e o tempo”.

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Sarney disse que o jornal O Estado de S. Paulo “iniciou uma campanha pessoal contra mim, obrigando os outros jornais e televisão a repercuti-la”, em um semestre de “intenso trabalho legislativo”, de “correções administrativas e de avanços nos objetivos de racionalização e modernização”. Enfatizando que a constatação não carregava “nenhum sentimento menor”, o senador disse que viu “as disputas políticas” transformarem “a reforma administrativa numa pretensa crise de desmoralização do Senado, inviabilizando a discussão dos grandes temas de nosso momento político”.

Ele citou uma lista de medidas que contribuem para “o saneamento dos graves problemas de natureza ética e legal”. Na avaliação do senador, tudo foi revelado “quando começamos a examinar as condições prevalecentes de funcionamento (do Senado)”. Dos 40 tópicos citados, 32 são decorrentes de denúncias da imprensa e dos servidores, da Operação Mão-de-Obra, da Polícia Federal, e até da repercussão geral provocada pelos escândalos da Câmara, as farras das passagens e das verbas indenizatórias. Entre os itens estão medidas para controlar o pagamento de horas extras, o controle dos gastos com telefones celulares, a revisão dos contratos de serviços com empresas terceirizadas, as novas normas de uso de verbas indenizatórias, e o enterro de 663 atos secretos.

Sarney lamentou ter perdido o apoio do Democratas (DEM), que havia apoiado sua candidatura à Presidência do Senado, e também do PSDB. Disse que assumiu o terceiro mandato à frente da Casa por convocação de “quase todos os partidos”. Em nenhum momento o senador falou do nepotismo envolvendo a sua família e o clã político aliado. Omitiu igualmente a farra dos atos secretos nas duas gestões anteriores (1995-1997 e 2003-2005) – essas duas gestões são também responsáveis por 70% dos 2.800 comissionados da Casa.

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