O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), preso desde 17 de novembro de 2016 e já condenado a mais de cem anos de prisão por liderar um esquema de corrupção no Estado do Rio, afirmou em depoimento nesta sexta-feira, 8, que movimentou cerca de R$ 500 milhões em doações eleitorais e que, desse dinheiro, usou aproximadamente R$ 20 milhões para gastos pessoais, o que é ilegal. “A promiscuidade (de doações) foi muito grande. Foi nessa promiscuidade que eu me perdi, (…) que usei dinheiro de campanha para fins pessoais”, admitiu.

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Cabral, por outro lado, seguiu negando que tenha pedido a empresários algum porcentual de propina sobre qualquer contrato firmado com o governo do Estado. “Eu nunca pedi a um empresário que incluísse um porcentual qualquer em nenhuma obra ou serviço do meu governo. Garanto isso ao senhor, falo em nome dos meus filhos e do neto que conheci essa semana”, afirmou o ex-governador, dirigindo-se ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

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No processo em relação ao qual depôs, Cabral é acusado de ocultar e lavar dinheiro no exterior. Também respondem a esse processo o ex-secretário estadual Wilson Carlos e dois ex-assessores de Cabral, Carlos Miranda e Sérgio de Castro Oliveira, além dos doleiros Renato e Marcelo Chebar. Foram os doleiros que contaram, em colaboração premiada, ter movimento mais de US$ 100 milhões de Cabral fora do país. Esse dinheiro já foi repatriado.

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O grupo é acusado pelo Ministério Público Federal de ocultar e lavar também outros R$ 40 milhões, guardados no Brasil, e quase R$ 10 milhões ocultados em joias. Cabral já havia sido ouvido nesse processo, em fevereiro, mas à época estava preso em Curitiba e ficou em silêncio, como protesto por suposto cerceamento ao direito de defesa. O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, pediu então a repetição do depoimento.

O ex-governador admitiu a movimentação de dinheiro doado por empresários e não contabilizado. “Não soube me conter diante de tanto poder e tanta força política e, de uma maneira vaidosa, querer fazer (no sentido de eleger) prefeitos nas cidades, vereadores e deputados”, afirmou. “Era muito dinheiro sim. Em vez de ficar concentrado no meu governo, nas minhas realizações… o poder é algo tão perigoso”, concluiu.