O candidato do DEM ao governo do Rio, Eduardo Paes, disse nesta quinta-feira, 11, em debate promovido pela Federação das Indústrias do Estado (Firjan), que irá criar uma espécie de “controladoria turbinada”, para a qual serão chamados integrantes egressos da Força-Tarefa da Lava Jato no Estado, com o intuito de evitar a corrupção. Seria, explicou Paes, uma forma de evitar desvios como os ocorridos na gestão Sérgio Cabral (MDB), há quase dois anos preso e ao qual é atribuído um grande esquema de recebimento de propinas.
“Vimos que a falta de transparência ajudou para que tantas coisas acontecessem. Vou convidar pessoas da Lava Jato, do Ministério Público. Essa experiência tem que ser aproveitada. Nossos sistemas de controle brasileiros são muito ruins”, disse Paes. Ele afirmou que em sua gestão na Prefeitura não houve corrupção, e sim no governo do Estado. “Vale o que a gente fez, não o que a gente fala que vai fazer”, declarou, criticando o oponente, Wilson Witzel, candidato do PSC que é estreante na política. Paes aproveitou para acusá-lo de ter recebido auxílio-moradia como juiz federal sem necessidade. Witzel não respondeu.
O debate, realizado na Casa Firjan, espaço na zona sul da cidade, foi em parte dominado pelo tema das contas públicas e da austeridade – Witzel disse que irá dispensar a residência oficial, cancelar seu plano de saúde, ser atendido pelo Hospital Universitário Pedro Ernesto (da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e colocar os três filhos menores em escolas estaduais; Paes afirmou não ver problema em utilizar o Palácio Laranjeiras como moradia de sua família.
Outro tema central foi o da segurança pública. Enquanto Witzel se colocou como um defensor de policiais em situações de enfrentamento em locais dominados pelo tráfico de drogas, Paes destacou a necessidade de proteger também inocentes, que ficam expostos a balas perdidas.
“Tem que ter um modelo de defesa do policial. Tenho dito aos policiais que teremos um corpo jurídico de defesa em qualquer situação de auto de resistência. Eu fui defensor público. O policial terá defesa técnica. Em relação à política de enfrentamento, vamos trabalhar com o empoderamento da polícia. A Secretaria de Segurança Pública será extinta para não haver indicação política”, afirmou Witzel.
Paes destacou a importância de a polícia agir com mais inteligência para evitar a morte de inocentes. “A gente sabe que operações matam inocentes, e tem muito policial morrendo. Elas podem ser feitas de modo mais cirúrgico, preventivo. O respeito aos direitos do cidadão é fundamental. Sair entrando dando tiro para tudo quanto é lado não é inteligente. Mas se houver conflito, a Polícia Militar tem que ter liberdade para agir com firmeza”.
O ex-prefeito da capital acusou Witzel de ter deixado a Justiça do Espírito Santo após receber ameaças do crime organizado – o que indicaria, segundo ele, falta de pulso para combater o grave problema da segurança no Rio. Ele também apontou suposta ligação dele com o advogado Luiz Carlos Azenha, que escondeu o traficante Antonio Francisco Lopes, o Nem, em seu carro em 2001. Fotos dos dois circulam em redes sociais. O candidato do PSC respondeu: “Você tem que falar para as pessoas que saiu do Rio (após deixar a prefeitura do Rio) e foi morar em Nova York”.
“A realidade dos fatos é bem diferente”, disse o ex-juiz, referindo-se à sua passagem pelo Espírito Santo, na qual, explicou, enfrentou problemas porque não havia proteção suficiente para todos os membros da sua família, havendo troca de lugar com um juiz sem família numerosa.
“Não tenho medo de enfrentar o crime organizado, isso tudo é uma grande bobagem. Se eu saí do Espírito Santo e vim para o Rio, que é mais violento…” Sobre Azenha, afirmou: “Azenha foi meu aluno. Tenho mais de 5000 alunos, ele foi mais um ex-aluno. Não tenho envolvimento com absolutamente ninguém. Quando eu disse que ia abater quem estivesse de fuzil, disseram que eu não podia mais entrar para fazer campanha em favela”.