Em artigo, Marina comenta as manifestações pelo impeachment de Dilma

A ex-candidata presidencial Marina Silva publicou nesta quarta-feira, 19, um artigo em que comenta as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff no domingo, 16. No texto, publicado pelo portal UOL, Marina diz que aqueles que se mobilizam “para além das cartilhas ideológicas de ocasião” não trabalham pelo “Fora Dilma”, pois sentem que a presidente já foi “saída”. A ex-senadora diz que Dilma sofre as consequências das “lições que insiste em não querer aprender”.

“De alguma forma, os que estão se mobilizando para além da velha polarização política e das cartilhas ideológicas de ocasião, entendem que (…) não é estratégico nem correto reduzir seus esforços a um simples ‘fora Dilma’. Sentem que de certa maneira ela já foi ‘saída’ pelas forças políticas tradicionais, entre as quais parte de seu próprio partido. Saída, enfim, pelas lições que insiste em não querer aprender.”

A ex-candidata, que em julho criticou aqueles que culpavam exclusivamente a presidente pela corrupção no País, fez no artigo de hoje ressalvas às manifestações que clamam por impeachment, mas argumentou que, como um termômetro, elas apontam a insatisfação da população. “Podemos concordar com todas as falas, todas as faixas, todas as narrativas? Claro que não, mas a honestidade impõe reconhecer que as ruas mostraram uma monumental e muito relevante insatisfação contra a corrupção e a mentira entranhadas nas instituições e nas relações de poder.”

“As manifestações são legítimas. Elas são o termômetro da crise política, e não se pode culpar o termômetro por indicar a gravidade da febre”, diz outro trecho.

Em nenhum momento Marina diz ser favorável ao afastamento da presidente e ela chega a criticar novamente políticos que tentam, segundo ela, “instrumentalizar o momento e as instituições” em vez de procurar saídas concretas para a crise. Ela repete defender as investigações. “A responsabilidade dos que receberam um mandato é enorme e, se traíram a confiança da sociedade, precisam se explicar perante a Justiça e se submeterem às penas, caso o ilícito seja comprovado.”

Marina também traz novamente, no artigo, a defesa do que chama de “nova política” com uma governabilidade baseada em programa de governo e não em distribuição de cargos. A ex-candidata defende que esse é o único caminho para se institucionalizar conquistas e combater a “corrupção, fragilização e descontinuidade de políticas públicas”. “Não pode mais se deixar levar, como aconteceu nas eleições de 2014, pela ditadura do marketing, pela lei do mais forte, pelos slogans vazios e pela agressividade das mentiras”, diz o texto.

Ela faz críticas indiretas, porém incisivas, à aproximação do Planalto com o presidente do Senado, Renan Calheiros – que lançou o conjunto de propostas batizado “Agenda Brasil”. “Chega de agendas meramente de poder ou de manutenção do status quo, que são positivas apenas para quem as faz e sempre surgem nos momentos de crise para contrabandear acordos e propostas patrocinadoras de retrocessos contrários aos interesses dos mais frágeis”, afirma no texto. “Não é hora de manobras de bastidores pactuadas por poucos”, argumenta em outro trecho.

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