O ex-governador e candidato ao governo de Alagoas, Ronaldo Lessa (PDT), foi indiciado pela Polícia Federal (PF) do Estado no inquérito que apura o desvio de R$ 14 milhões das obras da macrodrenagem do Distrito Industrial de Maceió. Esses valores atualizados pela taxa básica Selic chegariam a R$ 46 milhões.
Também foram indiciados o ex-governador Manoel Gomes de Barros e o empresário Zuleido Veras, proprietário da Construtora Gautama, responsável pelas obras de macrodrenagem, que teriam sido superfaturadas. Outras três pessoas também teriam sido indiciadas, mas os nomes não foram divulgados.
O indiciamento dos seis foi confirmado hoje pela Assessoria de Imprensa da PF em Alagoas. Eles foram indiciados pelos crimes de fraude em licitação, peculato, formação de quadrilha e crime ambiental. O indiciamento aconteceu de forma indireta, já que os acusados da fraude não compareceram aos depoimentos marcados para a semana passada na PF.
De acordo com o delegado Felipe Vasconcelos Correia, o inquérito 051/2009 foi concluído e encaminhado à 2ª Vara da Justiça Federal, que deverá notificar os envolvidos. O inquérito será levado da Corregedoria da Justiça Federal para o Ministério Público Federal (MPF).
Para o advogado de Lessa, José Fragoso, o indiciamento do ex-governador não significa nada. Fragoso disse que seu cliente só vai se pronunciar depois que o Ministério Público (MP) oferecer a denúncia. Ele afirmou ainda que estão fazendo “esse carnaval todo” com o indiciamento de Lessa porque o ex-governador disputa o segundo turno das eleições em Alagoas com o atual governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).
O atual e o ex-governador trocam acusações sobre o envolvimento de cada um com a Operação Navalha. Lessa acusa Vilela de responder na Justiça a denúncia de que teria recebido R$ 500 mil da Construtora Gautama, por ter facilitado a aprovação de emendas para as obras da macrodrenagem. Já Vilela diz que Lessa é quem está envolvido com o superfaturamento das obras.
As irregularidades nas obras da macrodrenagem foram constatadas pela PF durante a Operação Navalha, deflagrada em 2007 em Alagoas e outros Estados da Federação. Na época, Lessa era governador do Estado e estava no seu segundo mandato. Quando as obras foram iniciadas, o Estado era governador por Manoel Gomes de Barros, que foi sucedido por Lessa.
Segundo o advogado Fragoso, apesar da PF ter indiciado os acusados, caberá à Justiça Federal e ao MPF decidirem a culpabilidade de cada um. “A partir de agora, a Justiça avalia se as informações procedem e aciona o MP para que se posicione a respeito do caso. Só assim a instituição deve oferecer denúncia, caso concorde com o que foi proposto pela Polícia Federal”, explicou.