A regra das coligações para a eleição de deputado federal torna mais difícil para o eleitor compreender qual partido ele ajuda a eleger com o seu voto. Mas isso acontece apenas porque o leque de alianças partidárias feitas por cada legenda pelo Brasil é enorme. Das 496 combinações possíveis de aliança entre dois partidos quaisquer em ao menos um Estado, 414 (ou seja, 83%) aconteceram nestas eleições.

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O índice de “suruba eleitoral” seria ainda maior caso fossem excluídos do cálculo os quatro nanicos de esquerda (PSOL, PSTU, PCB e PCO), que quase não se coligam com nenhuma legenda. Dessa maneira, 99,5% dos 406 casamentos possíveis entre partidos teriam acontecido – as únicas duas exceções seriam PT e PSDB, que não estão juntos em nenhum Estado, e PT e PMN.

“A regra das coligações para deputado federal no Brasil, que não precisam seguir a lógica das alianças para presidente ou mesmo serem iguais em cada Estado, é algo totalmente singular. Não conheço lugar no mundo em que os partidos tenham autonomia para celebrar coligações nacionais para o Congresso desse jeito”, afirma o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jairo Nicolau.

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De acordo com Nicolau, uma saída para esse sistema seria abolir as coligações para deputado federal mas, para impedir que o quociente eleitoral vire uma cláusula de barreira intransponível, permitir que partidos com menos votos que esse limite possam participar da divisão das vagas que sobraram após a divisão dos votos de cada partido pelo quociente. “O problema é que quanto mais fragmentada a Câmara, mais difícil fica para mudar essa norma”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.