A uma semana das eleições para a presidência da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a mais importante do País, com 220 mil profissionais, um atrito entre os dois principais candidatos ao posto pode arrastar o pleito para a Justiça. Rui Celso Reali Fragoso, da oposição, anunciou que vai interpelar judicialmente Luiz Flávio Borges D’Urso, atual presidente que busca sua segunda reeleição – no poder desde 2004.
O motivo da queda de braço: Fragoso, da chapa “Em defesa da advocacia”, suspeita que alguém da equipe de campanha de D’Urso estaria divulgando que ele fraudou enquete na classe sobre a conveniência do terceiro mandato. D’Urso, da chapa “Sou mais D’Urso”, não admite suspeitas sobre seus aliados e cobra “explicações convincentes” do rival.
Por meio da interpelação, Fragoso quer que o presidente da OAB aponte nomes para adotar medidas de âmbito civil e criminal contra quem lhe atribui fraude, noticiada em veículos da imprensa.
O embate esquentou em setembro quando o site de Fragoso pôs no ar consulta sobre “a opinião dos advogados” com relação ao terceiro mandato. Na contagem dos votos houve um problema – a cada voto a favor de mais um mandato para D’Urso, eram registrados simultaneamente 4 votos contra.
No último dia 28, a Crowe Horwath RCS Auditoria e Consultoria declarou ter identificado “uma parametrização imprecisa que levava a indícios de deficiência na contabilização dos votos”. A empresa de consultoria observou não ter identificado fraude. “Em nenhum momento concluímos ou atribuímos evidência de fraude.”
Pelo menos três pessoas que se identificam como advogados, embora não exerçam a profissão, têm divulgado pela internet a acusação, segundo Fragoso. “Lamento muito o nível da campanha”, disse o advogado, há 30 anos na carreira.
“Eu não imputei nada a ele. Simplesmente estou mais uma vez ouvindo os colegas e o que a imprensa está falando. Não tenho nada a falar sobre interpelação. (Fragoso) poderia dar uma explicação convincente para essa situação que ficou muito estranha para o nosso eleitorado. Os advogados, até hoje, não sabem o que aconteceu”, reagiu D´Urso.