O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse nesta quinta-feira, 25, que, se houver eleição indireta no Congresso para escolher um substituto do presidente Michel Temer, o partido deve boicotar o processo. “Eleição indireta é fraude”, afirmou Lindbergh. “O PT não pode participar de um acordão.”

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Lindbergh foi na mesma linha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mais cedo, pediu a líderes das principais correntes petistas, em São Paulo, apoio total à campanha por eleições diretas ao Palácio do Planalto.

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Em conversas reservadas, porém, deputados do PT admitem que podem avalizar um candidato de partido da base governista, desde que ele se comprometa publicamente a retirar de pauta as reformas da Previdência e da lei trabalhista, até passar a disputa de 2018.

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“Essa ideia é o mesmo que ver a roda quadrada”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula. “É claro que o candidato dessa base só terá apoio se assumir o programa dos bancos.”

Maia

Há petistas, no entanto, que aceitam negociar adesão à eventual candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É, na prática, o mesmo grupo do PT que apoiou Maia para comandar a Casa tanto na última disputa, em fevereiro, como em julho do ano passado. Se Temer renunciar, Maia assume a Presidência por 30 dias. Depois desse prazo é realizada uma eleição indireta.

Aliados do presidente da Câmara dizem que ele já virou o nome preferido do baixo clero para um eventual pós-Temer. No PT, porém, a simpatia por Maia só é confirmada longe dos holofotes. “Podemos até concordar com eleição indireta, para apaziguar os ânimos no período de transição, mas o candidato deve aceitar retirar da pauta a agenda contrária aos trabalhadores e investir nas reformas política e tributária”, afirmou um senador do PT, sob a condição de anonimato.

Para Lindbergh, a proposta é “absurda” e não tem chance de ser aprovada no 6º Congresso do partido, que ocorrerá na próxima semana, em Brasília. “A bandeira das eleições diretas representa o reencontro do PT com a sociedade, que não vai aceitar acordos por cima”, afirmou Lindbergh. “Quem participar de um acordão desses estará dando continuidade ao golpe e terá muita dificuldade até para se reeleger.”