Marcado o “terceiro turno” em Londrina, candidatos e partidos reiniciam a fase de articulações. A eleição suplementar inédita no país também trará movimentações inusitadas no quadro político local e, até estadual. Lideranças de todo o Estado estão de olho na disputa entre Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Barbosa Neto (PDT) pela prefeitura da segunda maior cidade do Estado. A nova eleição coloca, inclusive, pessoas e partidos em lados opostos ao que estiveram nas eleições de outubro do ano passado.

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Um dos que tiveram de mudar de lado foi o senado Osmar Dias. Presidente estadual do PDT, Osmar apoiou Hauly no segundo turno contra Antonio Belinati (PP), por quem declarou ter grande amizade e admiração. Agora, com o candidato de seu partido na disputa, Osmar estará no outro palanque.

“Meu partido tem candidato, é natural que eu participe da campanha. Vou tentar conciliar com a agenda de Brasília para participar de algumas atividades em Londrina. O Hauly vai entender minha posição e eu pretendo contribuir para uma campanha limpa, de debate de ideias, mas ao lado do Barbosa, que está preparado para ser prefeito e com o projeto do PDT”, declarou.

Para Osmar, o embate entre PDT e PSDB em Londrina não atrapalha os planos de aliança dos dois partidos para 2010. “Pelo contrário, pois nos dá a certeza que a segunda maior cidade do Estado também será administrada por um prefeito de nosso grupo”, comentou.

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Outra situação controversa é a do PTB. Coligado com Barbosa no primeiro turno no ano passado, o partido rompeu com o candidato quando Barbosa declarou apoio a Belinati.

Nas eleições para a mesa executiva da câmara municipal, no começo de janeiro, o PTB elegeu o presidente, Padre Roque, que hoje é o prefeito interino, em chapa com o PSDB de Hauly.

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Mas, pela regra do novo segundo turno, valem as coligações da eleição passada e o partido estará, oficialmente, ao lado de Barbosa. “Não temos posição agora, vamos esperar o início para valer da campanha. Mas a tendência é a neutralidade, até por opção do prefeito, para não contaminar a disputa”, disse o presidente estadual do partido, deputado Alex Canziani.

O PT também deve optar pela neutralidade. “É uma eleição atípica, não temos nenhuma obrigação de participar. O partido ainda vai decidir, mas eu, particularmente, estou fora”, disse o deputado federal André Vargas, candidato do partido à prefeitura no ano passado – ficou em quinto lugar.

“No segundo turno, declaramos voto em Hauly por questão moral, pois não aceitávamos o Belinati como prefeito. Agora não tem esse problema, então não precisamos apoiar ninguém. Nem o Hauly, que é do PSDB, nem o Barbosa que é do grupo do Belinati”, afirmou.

O PMDB espera reunião com Hauly para confirmar apoio ao tucano. “Estivemos com ele no segundo turno, e a tendência é repetirmos o apoio. Mas queremos debater o futuro para Londrina e fazer algumas exigências programáticas, com atenção especial para educação, meio ambiente e a economia da cidade”, disse o deputado Luiz Eduardo Cheida, que disputou as eleições pelo partido – ficou em quarto lugar.

“Vinte dias era suficiente”

Enquanto aguardam a definição das outras legendas, PDT e PSDB se preparam para colocar a campanha nas ruas. “Temos uma reunião sexta-feira, para definir a estratégia e iniciarmos a campanha o quanto antes”, disse Barbosa Neto.

“Preparado eu não estou, mas estou me preparando. Dentro de 20 dias acredito que estaremos nas ruas”, declarou Hauly. Embora o tucano ainda tenha dúvidas quanto à segurança jurídica da nova eleição e questiona o período de dois meses de campanha – &,ldquo;vinte dias era suficiente” -, sua equipe já iniciou as articulações.

A estratégia, segundo o assessor Amauri Escudeiro, é, além dos apoios em Londrina, levar para a cidade tucanos de destaque nacional. “Vamos trazer o Beto Richa (prefeito de Curitiba), o José Serra (governador de São Paulo) e o senador Alvaro Dias”, disse.

Embora dizendo acreditar que a eleição será “no mano a mano” e os apoios não serão tão decisivos, Barbosa também enumerou seus aliados. “Sexta-feira estarão em Londrina os deputados Ricardo Barros (PP), Ratinho Júnior (PSC) e Marcelo Almeida (PMDB).” Barbosa, que apoiou Belinati no segundo turno contra Hauly no ano passado, disse querer o apoio do pepista, mas entende se ele optar por não se envolver.

“É o político mais popular da história de Londrina e lógico que seu apoio é importante. Mas é injusto até pedir apoio a ele no momento em que ele ainda luta para ter sua eleição validada”, afirmou