Os efeitos práticos da delação dos 77 executivos da Odebrecht foram objeto de discussão nos recentes arquivamentos de inquéritos decididos por ministros do Supremo Tribunal Federal. Em ao menos três inquéritos a Polícia Federal relatava pendência de perícia nos sistemas Drousys e MyWebDay e pedia a prorrogação das investigações. Mas, contrariando a Procuradoria-Geral da República e a PF, os ministros da Corte minimizaram os efeitos que a análise poderia trazer e engavetaram as investigações.
Como mostrou o jornal “O Estado de S. Paulo” em abril, em pelo menos 32 inquéritos abertos com base nas delações da Odebrecht, investigadores aguardavam a perícia nos “sistemas de propina” da empreiteira. Decisão do ministro Edson Fachin, revelada pelo jornal, deu aval para as perícias e foi vista como capaz de destravar o andamento de alguns casos.
Para investigadores, as decisões dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes reprimem essa expectativa e representam um golpe no acordo da Odebrecht. Um ministro ouvido reservadamente disse que planilhas, por si só, não são provas. O entendimento pode afetar outros inquéritos abertos com base na delação da empreiteira, especialmente os que têm as planilhas da Odebrecht como principal elemento de prova. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.