Eduardo Requião agrava polêmica com Assembléia

Uma entrevista concedida ontem pelo superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, a uma emissora de rádio, agravou ainda mais suas divergências com a Assembléia Legislativa.

Requião voltou a criticar a posição dos parlamentares e insinuou que alguns estariam a serviço de multinacionais e da Monsanto. Uma fita gravada da entrevista foi apresentada em plenário pelo presidente da CPI do Porto, deputado Valdir Rossoni (PSDB), e requerida pelo presidente da Mesa Executiva, deputado Hermas Brandão (PSDB) para as providências cabíveis.

Vários deputados da oposição se revezaram na tribuna para criticar o superintendente do Porto, considerando as suspeitas por ele levantadas uma afronta ao poder Legislativo. O próprio líder do governo, deputado Natálio Stica (PT) condenou a postura de Requião, aconselhando-o a "tomar maracujina para se acalmar". Ainda assim, Stica não vê necessidade de convocá-lo para dar explicações aos parlamentares: "É evidente que as palavras do superintendente desagradam a todos nós e atingem a Casa como um todo. Mas ainda acho melhor ignorá-las e tratar dos assuntos que precisam de solução urgente, como o gravíssimo problema da limpeza no porto ou da paralisação do píer da Petrobras, com prejuízos para a economia estadual. Como está sendo criada uma comissão especial para tratar do desastre ambiental produzido pela explosão no navio chileno, acho que temos como abordar o assunto de forma produtiva, evitando o desgaste desta troca de acusações inútil".

Lenha na fogueira

Stica concordou que Eduardo Requião "não ajuda em nada" ao alimentar a polêmica com a CPI do Porto e com os deputados de uma forma geral: "Ele faria melhor se recolhendo à condição de superintendente do porto em vez de se colocar como irmão do governador". Indagado por um jornalista se a agressividade em relação aos parlamentares teria o apoio do governador, Stica reagiu de pronto: "O governador pode ser agressivo, mas não é bobo".

Para o deputado Valdir Rossoni, Requião deverá ser convocado para dar explicações aos deputados sobre as suspeitas que levantou: "É muito grave o que ele disse, um assunto a ser examinado pela Comissão de Ética deste parlamento. Ele, como autoridade representativa do governo, não pode, de forma irresponsável, fazer esse tipo de acusação. Onde estão as provas?". Mais uma vez, o tucano defendeu a demissão do superintendente, não só pelo confronto com o Legislativo mas, principalmente, pelos graves problemas portuários que, segundo ele, permanecem sem solução.

Falaram ainda os deputado Plauto Guimarâes (PFL), apontando na atitude do irmão do governador uma tentativa de intimidação aos deputados que integram a CPI do Porto, o deputado Luiz Carlos Martins (PSL) e o deputado Ademar Traiano (PSDB). Plauto sugeriu que se o plenário não aprovar a convocação de Eduardo Requião, isso poderá ser feito pela CPI, que também tem poderes para tanto.

Empresário denuncia cartel

Na reunião da última segunda-feira (dia 22), a CPI do Porto ouviu Alberto Maurício Barbosa Xavier, diretor da CG Construtora, acusado de tráfico de influência pelo diretor da Bandeirantes, empresa que presta serviços de dragagem à Superintendência do Porto de Paranaguá e Antonina, Eduardo Sudaiha. Xavier negou todas as acusações e denunciou a existência de um cartel no setor, no país. O empresário disse que somente duas empresas, a Bandeirantes, com sede no Rio de Janeiro, e a Dragafort, movimentam um bilhão de reais a cada qüinqüênio.

Em depoimento à CPI, no primeiro semestre, Ricardo Sudaiha disse ter sido procurado por Xavier em seu escritório, no Rio de Janeiro, com a intenção de transferir o contrato de dragagem da Bandeirantes para a CG Construtora. Xavier entregou cópia de documentos para a CPI isentando a sua empresa de qualquer vinculo com a Appa, de processo-crime e da ação cível que move contra a Bandeirantes.

Maurício Xavier e Ricardo Sudaiha vão se submeter a uma acareação com o objetivo de esclarecer o desencontro de informações. Outro convidado é o ex-superintendente do Porto de Paranaguá, Osires Stenguel Guimarães, que falará sobre os contratos firmados em sua gestão.

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