Inquérito aberto contra o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin relativo a irregularidades envolvendo o projeto da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, aponta possível operação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) junto à estatal Furnas para favorecer a Odebrecht em troca de propina.
O executivo ligado à empreiteira Henrique Serrano do Prado Valladares disse que procurou, em 2008, sob orientação do ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht, o ex-presidente da Câmara dos Deputados em busca de apoio para os interesses políticos comuns de Furnas e Odebrecht. A estatal tem participação de 40% em Santo Antônio e Cunha era conhecido no grupo por ser o detentor do feudo Furnas.
A contrapartida, conforme aponta Valladares, seria pagamento de R$ 50 milhões em propina sobre os contratos de Santo Antônio, distribuído da seguinte maneira: Cunha e seus aliados ficariam com R$ 20 milhões, o então presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia e o senador Romero Jucá (PMDB-PE) receberiam R$ 10 milhões cada um e o então deputado federal Sandro Mabel também ficaria com R$ 10 milhões.
O pagamento foi dividido entre a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, parceiras no consórcio, em uma proporção de 60%/40%, sendo os R$ 50 milhões correspondentes à fatia da Odebrecht. O projeto de Santo Antônio foi o primeiro investimento da Odebrecht no setor de energia, em meados dos anos 2000.
Os encontros entre Cunha e Valladares teriam ocorrido no escritório do ex-deputado no centro do Rio de Janeiro, em uma empresa de táxi aéreo e no aeroporto Santos Dumont, também no Rio. O ex-deputado está atualmente preso em Curitiba.