Um dia depois de O Estado de S. Paulo publicar matéria apontando que o Ministério da Integração Nacional concentrou, no ano passado, em Pernambuco 90% dos gastos da pasta destinados à prevenção e preparação de desastres naturais, como enchentes e desmoronamentos, o governador Eduardo Campos (PSB/PE), comentou, hoje, o assunto e rebateu duramente que as informações de que o Estado estaria sendo beneficiado pelo ministro e correligionário Fernando Bezerra Filho (PSB/PE). As declarações foram dadas durante e após uma entrevista em que o governador fez o balanço da gestão, em 2011, à Rádio Jornal do Commercio.

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“Nunca houve nenhuma priorização para Pernambuco por parte do ministro Fernando Bezerra. Em 2010, quando o Ministério da Integração era comandado pelos ministros ligados ao PMDB da Bahia, Pernambuco recebeu R$ 275 milhões da pasta. Isso representa 22,5% do total de repasses feitos pela União ao Estado. Em 2011, recebemos R$ 62.6 milhões. Isso dá 7,8% de tudo o que foi repassado voluntariamente pela União para PE. Ou seja, recebemos menos com Fernando à frente da pasta”, sentenciou.

Ainda segundo o governador, do total de recursos liberados pelo ministério em 2011, R$ 25 milhões foram definidos e acordados diretamente com a presidente Dilma, sem a intervenção direta do ministro pernambucano.

“No último mês de março, em uma noite em que a enxurrada atingiu a nossa Mata Sul, destruindo cidades inteiras, a presidente Dilma Rousseff me ligou e perguntou como poderia ajudar e o que precisaríamos fazer para que isso não voltasse a acontecer. Tínhamos os projetos das barragens prontos e esta era a alternativa técnica para resolver o problema. Sabia que a União não teria como arcar com tudo, por isso fiz a proposta de bancarmos a metade e o governo federal a outra metade. Naquele dia ficou acordado que iríamos investir, juntos, R$ 2,5 bilhões na região. Estes R$ 25 milhões liberados em 2011 representam apenas 10% do que foi prometido pela presidente em pessoa”, destacou.

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O pacote de reconstrução para as áreas atingidas pelas chuvas na Mata Sul pernambucana inclui, além das barragens, a reconstrução de moradias populares, escolas, hospitais, pontes e outros equipamentos públicos destruídos pelas enchentes. Além destes recursos, aplicados de forma conjunta, caberá ao Executivo estadual o pagamento de desapropriações e da dragagem do Rio Ipojuca, obra que deve ser licitada nas próximas semanas. O valor total destas ações não foram divulgados.

TCU

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Questionado sobre o anúncio de que caberá à sua mãe, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes, a relatoria do processo envolvendo as obras da transposição do Rio São Francisco – uma das principais ações estratégicas para a gestão estadual e carro-chefe do Ministério da Integração Nacional, comandado pelo conterrâneo Fernando Bezerra – o socialista evitou polemizar. “Vocês devem procurar e ouvir a ministra Ana Arraes. Nunca comentei, ao longo de minha vida pública, a relatoria de nenhum processo por nenhum ministro do Tribunal de Contas. Porque seria diferente agora? A imprensa com certeza terá acesso a todas as informações deste processo, através do TCU”, concluiu. A reportagem tentou contato com a ministra Ana Arraes, mas não obteve retorno.