É preciso ter novo pacto político, diz Eduardo Campos

O ex-governador de Pernambuco e candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse que “o Brasil não vai melhorar se a gente não tiver um novo pacto político”. No terceiro programa especial GloboNews Eleições, com os principais candidatos à Presidência da República, Campos afirmou, na sexta-feira, 01, à noite que mudou de ideia e não apoiou a reeleição da presidente Dilma Rousseff a partir do momento em que percebeu que o governo Dilma deixava a velha política tomar o centro do governo e o País não entrava em rota de governança que levasse ao crescimento, que era um compromisso com a Nação. “Desde início de 2013, quando a presidente decidiu apoiar a candidatura de Renan Calheiros para o Senado e de Henrique Eduardo Alves para a Câmara, ela tinha tomado uma decisão por uma aliança no centro da governabilidade com esse PMDB e, a partir dali, só foi distanciamento”, afirmou.

Para o presidenciável, os problemas na política econômica se aprofundaram no governo da presidente Dilma, que representava a perspectiva de correção de alguns rumos do governo do presidente Lula. “O rumo da própria aliança política”, comentou. A partir de 2005, do chamado do Mensalão, o PMDB foi ganhando espaço no governo Lula, como ganhou no governo de Fernando Henrique, a partir da luta pela reeleição, pela emenda da reeleição, descreveu. “A gente imaginava que a presidente Dilma iria afastar essa velha política e abrir espaço para todo um conjunto que historicamente ajudou a construção desse projeto, não é que acontece exatamente o contrário. O País para, a gente vê um governo que prometeu o desenvolvimento e o País parou de crescer. Nós vimos o governo prometer que a taxa de juros ia baixar, e vimos o juro real mais elevado, e vimos um governo que não conseguiu colocar o país num ciclo de avanço”, explicou.

O candidato do PSB à Presidência disse que o rompimento com o governo Dilma ocorreu porque o campo político de onde ele e Marina vêm tem clareza de que o Brasil não vai melhor se não houver um novo pacto político. Segundo ele, o presidencialismo de coalização que foi uma verdade no segundo governo de Fernando Henrique, que deixou o Brasil com 12% de inflação, esse presidencialismo não vai responder a pauta que a sociedade brasileira coloca, que a carga tributária está elevada e os serviços públicos não estão funcionando. “Se isso é verdade, aqui no meio está o Estado, dividido em pedaços, pelas forças mais atrasadas, que se apropriam de fatias do Estado e que não conseguem responder a essa pauta. Como resolver isso? Ou você tem a coragem de mudar a sustentação política ou não vai ter mudança.” Hoje, essa força que a sociedade tem, não se representa nos dois projetos, seja da Dilma, seja da oposição clássica que representa o PSDB, afirmou.

Sobre atrasos nas obras públicas, Campos disse que tem muito a ver com a centralização das decisões de recursos, de orçamento. O presidenciável disse que pretende reduzir a desigualdade com foco em educação de qualidade e o governo federal deve dar exemplo financiando melhor a educação no País. Hoje, temos 5,5% do PIB em educação, mas só 1% dos recursos vêm da União. Nós precisamos que o governo federal financie melhor, estimule, qualifique e remunere melhor o professorado, defendeu.

“Temos de fazer programa de governo para o País, interpretando as demandas da sociedade, já houve governo que priorizou a estabilidade e arrumou recursos para sanear o sistema financeiro; teve governo que priorizou outras políticas, como recentemente organizar dívida de empresas de energia. Hoje, estamos desafiados a pensar em educação e salvar a juventude brasileira. Temos que reencantar a escola brasileira”, afirmou.

Sobre o movimento Passe Livre, Campos disse que vai fazer o Passe Livre com municípios, Estados e União para estudantes de escolas públicas e dos programas sociais. Segundo ele, o custo do programa é de R$ 12 bilhões.

Em relação à promessa de reforma tributária, Campos disse que vai conseguir fazer com propostas claras, que tenham o apoio da sociedade. “Há como fazer a reforma, fazer uma regra de transição, dar segurança de que ninguém vai perder receita corrente. Para fazê-la é preciso capacidade de articular, mas capacidade e a compreensão. Fernando Henrique e Lula não fizeram porque tentaram fazer para o ano seguinte, se a gente fizer com ideia de médio prazo é possível melhorar a vida do povo brasileiro.”

Campos disse que a inflação é uma pauta vencida, voltou para a ordem do dia no Brasil, e não se resolve inflação só com taxa de juros, mas precisa da coordenação política e do compromisso com a governança macroeconômica com o centro da meta. “Agora o teto (da meta) virou o centro e seja o que Deus quiser”, afirmou. Segundo ele, “a crise no Brasil, mais do que de fundamento, é uma crise de confiança na governança.”

O ex-governador de Pernambuco disse que sua candidatura é possível porque vai de encontro do que há de melhor na sociedade, da indignação do povo, da vontade de fazer diferente.

Em relação às obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, Compos disse que foi arrolado como testemunha de defesa do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, porque governava o Estado que tem um porto e, neste porto, está sendo construída uma refinaria. O Estado tem convênio com a Petrobras em quatro obras e prestou contas desses recursos. O próprio juiz de direto, segundo ele, disse que não sabe por que Campos foi arrolado como testemunha nesse processo.

O presidenciável disse que tem 48 anos e sempre foi minoria na política estadual, sempre respeitou a democracia e a convicção democrática nele é maior do que qualquer sentimento. Ele afirmou que respeita a liberdade de expressão e sempre foi crítico. “Isso é algo que pratico no meu dia a dia, na vida. Tenho capacidade de fazer entendimento e construir consenso porque tenho paciência. Isso me fez ser eleito consensualmente no PSB três vezes presidente do partido e, agora, candidato à Presidência da República”, descreveu.

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