O presidente do PT, José Eduardo Dutra, reagiu às críticas da oposição e de José Serra (PSDB) sobre o suposto aparelhamento do governo atual e citou nomes de membros tucanos que, segundo ele, tinham cargos na Petrobras quando assumiu a presidência da estatal, em janeiro de 2003. “O que tinham em comum, em 2002, Moema Santiago (PSDB-CE), Euclides Scalco (PSDB-PR) e Mauro Campos (PSDB-MG)?”, questionou, via twitter. “Cargos na Petrobras”, respondeu, cumprindo ameaça que vinha fazendo há cinco dias, de revelar nomes da oposição que estavam dependurados na empresa quando lá chegou.

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Serra disse ontem no Jornal Nacional que o aparelhamento leva à corrupção. “Para mim, não tem grupinho indicando diretor financeiro de uma empresa, ou diretor de compras de outra. Pra que um deputado quer isso? Evidente que não é para ajudar em melhor desempenho. É para corrupção”, disse Serra.

Dutra acabou arrumando um bate-boca com o presidente do PPS, ex-senador por Pernambuco Roberto Freire, aliado de Serra e candidato a deputado federal por São Paulo. A causa foi outra provocação de Dutra que afirmou que Freire, o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e o ex-governador de Pernambuco Mendonça Filho (DEM) tinham cargos (em conselho de administração) em órgãos públicos paulistas.

Freire reagiu aos ataques de Dutra: “Nunca me passou pela mente que você (Dutra) se prestasse para esse papel. Onde ser membro de Conselho de Administração é ilegal ou imoral?” Dutra respondeu no mesmo tom: “Para a oposição, aparelhamento é quando eles estão fora. Quando estão dentro, é gestão participativa”, afirmou.

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Roberto Jefferson

Pivô do escândalo do mensalão que acabou lhe custando o mandato de deputado, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse que “Serra tem toda razão” quando afirma que indicações de parlamentares para diretorias financeiras e de compras de empresas estatais visam à corrupção. “Ele está falando a verdade”. Jefferson admitiu que fez indicações no primeiro governo Lula – para a superintendência do Instituto de Resseguros do Brasil, por exemplo.

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“Quem é honesto acha ótimo, e a população bate palmas”, disse o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA). Amigo e conselheiro político de Serra, ele afirmou que seu candidato pode falar com a autoridade de quem sempre procurou pessoas qualificadas para trabalhar, independentemente da visão ideológica e da origem partidária. “O ex-prefeito de Santos Davi Capistrano (PT), que era médico sanitarista, foi auxiliar de Serra no Ministério da Saúde e para isto não precisou fazer como a Dilma, que teve que sair do PDT para continuar secretária no governo do Rio Grande do Sul”, provoca o tucano.

Seu colega de liderança na Câmara, João Almeida (PSDB-BA), admitiu que “boa parte dos deputados pode até não gostar”, mas destacou que o candidato foi sincero, porque jamais fez do fisiologismo sua prática. “Sugestões técnicas de políticos se pode aceitar; o inaceitável é a barganha política e o loteamento de cargos praticados o tempo todo pelo governo Lula e pelo PT”, opinou. O líder disse estar convencido que um eventual governo Dilma Rousseff só agravaria o problema. “Se o Lula não teve pulso e liderança para segurar o fisiologismo, o que dirá da Dilma?”