Duda Mendonça surpreendeu a Polícia Federal ao negar, em depoimento no inquérito da Operação Logoff, vínculo com a Mkpol Marketing Político – empresa que a PF sustenta oficialmente ter sido operada por um executivo do publicitário para fazer a campanha eleitoral do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em 2010.
Duda foi ouvido “em declarações” segunda-feira, 29, na superintendência regional da PF em Salvador. Nesse ato não foi indiciado. Ele também negou conhecer personagem importante do caso, Samuel Vieira Martins da Silva, que a PF afirma ser “motoboy funcionário” do publicitário e responsável pela entrega de dinheiro, R$ 104,7 mil ao todo, em nome de uma empresa fantasma – Brickell Internet e Processamento de Dados -, a profissionais recrutados na campanha de Coutinho.
A investigação revela que o dinheiro para cobrir as despesas eleitorais teria sido desviado de um contrato superfaturado entre a Prefeitura de João Pessoa e a empresa Ideia Digital para o programa Jampa Digital – instalação de internet gratuita para a população carente da capital paraibana. O desvio teria somado R$ 1,66 milhão, segundo laudo pericial da PF. Parte desse valor, R$ 800 mil, passou pela Brickell. Duda afirmou que fez apenas “consultoria” – criação, slogan, música e cartazes – para o pessebista por meio da JECM (iniciais de seu nome). Cobrou R$ 500 mil, valor faturado em nota contra o comitê de campanha do governador da Paraíba.
A PF argumenta que o executivo José Eugênio de Jesus Neto, ligado a Duda, figura como procurador da empresa de fachada Brickell. Em seu relato, o publicitário declarou que Neto é prestador de serviço contratado “atuando somente na empresa Duda Mendonça e Associados Propaganda na área financeira e administrativa”.
Ele assegurou que “não é sócio” da Mkpol e “não associa este nome a nenhum publicitário que conheça”. Afirmou que “desconhece” que a Mkpol pagava seus funcionários. Indagado sobre seus antecedentes, Duda fez alusão ao processo do mensalão, no qual foi réu e acabou inocentado. Ele disse que “já foi indiciado e processado, mas não preso, tendo sido absolvido pelo Supremo Tribunal Federal”.
Apesar da reiterada negativa de Duda, a PF e o Ministério Púbico Federal estão convencidos de seu envolvimento em “sonegação e lavagem de ativos”. A PF descobriu que a Mkpol faz uso de um endereço eletrônico que leva o nome do publicitário, “muito sugestivo da pessoa que realmente a controla”. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.