O vice-presidente do Parlamento do Mercosul, deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), afirmou ontem que a posição contrária à entrada da Venezuela no bloco, manifestada por diversos políticos brasileiros, constitui um ataque ao Mercosul. ?Todo esse discurso raivoso de oposição à Venezuela é, na verdade, contra o Mercosul?, diz Rosinha. ?Em função de seu peso econômico e energético, a Venezuela só fará ampliar a importância estratégica do bloco no cenário mundial?. afirma.
O Senado brasileiro aprovou esta semana uma moção contrária à não renovação, por parte do governo venezuelano, da concessão da emissora de TV privada RCTV. Iniciativa do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), a moção teve o apoio de Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Anteontem, Fortes chegou a pregar a ?expulsão? da Venezuela do Mercosul.
?Ora, o que está em discussão é o ingresso da Venezuela no Mercosul, e não o ingresso de Chávez?, disse o deputado petista. ?Não se pode cobrar medidas de um país que sequer entrou no bloco, muito menos expulsá-lo?, afirmou.
O vice-presidente do Parlamento do Mercosul também fez críticas diretas ao DEM (ex-PFL). ?Gostaria que o partido, que já foi conhecido no passado como Arena, tivesse demonstrado a mesma indignação em favor da liberdade de expressão no tempo da ditadura militar no Brasil?, disse Rosinha. ?Quando, em 2002, houve um golpe de Estado na Venezuela, não se registrou nenhuma posição contrária dos ex-pefelistas?, afirmou.
Dr. Rosinha diz que tanto o Senado – ao aprovar uma moção contrária a uma medida tomada pelo governo da Venezuela – quanto Hugo Chávez, que classificou a casa legislativa brasileira como ?papagaio? dos Estados Unidos, erraram. ?Nem um nem outro deveriam se meter em questões internas de cada país?, afirmou.
O deputado brasileiro observa que qualquer tentativa de barrar o ingresso da Venezuela no Mercosul não tem amparo em nenhuma das normas que regem o bloco.
Conforme o Protocolo de Ushuaia, assinado em 1998 na cidade Argentina, a integração do Mercosul depende da ?plena vigência das instituições democráticas? em cada país-membro.