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Doze ministros devem reassumir mandatos na Câmara para votar contra denúncia

Doze ministros do governo que são deputados licenciados devem reassumir os mandatos na Câmara para ajudar a barrar, no plenário, a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, apresentada pela Procuradoria-Geral da República. A votação está marcada para quarta-feira, 2, e o presidente tem passado os últimos dias em demoradas articulações políticas, que incluem distribuição de cargos e emendas parlamentares, pedindo apoio para se manter no cargo.

Nesta terça-feira, por exemplo, Temer pretende participar de um almoço com a bancada ruralista. A Frente Parlamentar pela Agropecuária reúne 209 deputados. Para que a denúncia contra Temer seja aceita são necessários 342 votos – dois terços dos parlamentares – e, mesmo com traições na base aliada, o governo acredita que conseguirá derrotar a oposição. Pelos cálculos do Palácio do Planalto, o presidente tem hoje o apoio de aproximadamente 240 dos 513 deputados.

Temer jantou no sábado com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, após as delações da JBS, está sendo investigado pelos crimes de obstrução de Justiça e corrupção passiva. O presidente reforçou o apelo para que o dividido PSDB fique a seu lado na votação de quarta-feira. Dos 46 deputados do PSDB, porém, pelo menos 26 votarão pela aceitação da denúncia contra Temer.

Alvo de novo pedido de prisão apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Aécio se comprometeu a tentar reverter votos na seara tucana, conversando com deputados de Minas para pedir que ajudem Temer a barrar a denúncia. O PSDB ocupa hoje cinco ministérios. Apesar do discurso oficial do governo de que punirá os infiéis, a avaliação reservada é a de que, virada a página da primeira denúncia, o governo precisará do partido de Aécio para tentar aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

A dois dias da votação da denúncia de Janot no plenário da Câmara, Temer continuou, nesta segunda-feira, recebendo representantes de bancadas que têm demandas a apresentar ao governo, a exemplo do que fez na semana passada. Na lista estavam parlamentares indecisos, como o deputado Roberto Góes (PDT-AP). Ele se encontrou com Temer em audiência com a presença do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e do também deputado Cabuçu Borges (PMDB-AP), que vota com o Planalto.

Na contabilidade do governo há entre 30 e 40 deputados que se dizem indecisos. Por isso mesmo, além de pedir aos ministros-parlamentares que reassumam seus mandatos temporariamente na Câmara, Temer quer que todos mobilizem as bancadas de seus Estados e de seus partidos para garantir não só o maior número de votos a seu favor como, no mínimo, a presença em plenário para dar quórum à sessão, mesmo se o parlamentar se abstiver.

Os doze ministros que devem reassumir suas cadeiras na Câmara para ajudar Temer são Antônio Imbassahy (Governo), Bruno Araújo (Cidades), Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), Osmar Terra (Desenvolvimento Social), Mendonça Filho (Educação), Ricardo Barros (Saúde), Helder Barbalho (Integração Nacional), Leonardo Picciani (Esporte), Marx Beltrão (Turismo), Maurício Quintella (Transportes), Sarney Filho (Meio Ambiente) e Ronaldo Nogueira (Trabalho).

Ao mesmo tempo em que faz de tudo para escapar da denúncia apresentada por Janot, Temer está recorrendo a agendas positivas, com o objetivo de mostrar que o governo não está parado. Para esta terça-feira, por exemplo, o presidente programou uma cerimônia no Planalto com a presença dos ministros da Educação e da Saúde, a fim de anunciar a abertura de novos cursos e vagas em Medicina.

Embora saiba que uma contagem mais precisa dos votos que terá no plenário da Câmara somente será possível na própria quarta-feira, Temer fez, na noite desta segunda-feira, mais uma rodada de reuniões com sua “tropa de choque” para checar os números. No Congresso, a contabilidade está a cargo de Beto Mansur (PRB-SP), que virou uma espécie de braço direito do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Assessores do presidente lembram que, até a votação, os dias de trabalho serão cada vez mais longos no Planalto.

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