Segurando um cabide com uma camisa e um paletó azuis, o advogado Guilherme Abdalla, de 51 anos, chega à recepção e informa o seu nome e a hora marcada. Logo é direcionado para o espaço onde um redator analisa se o texto que ele preparou para dizer na TV caberá nos oito segundos em que aparecerá na propaganda eleitoral gratuita. “Dá mais ênfase no ‘nunca fui político’ que fica melhor”, recomenda um assessor. Em seguida, eles sobem para a sala de maquiagem e, depois, descem para o estúdio de gravação no subsolo do imóvel alugado em Perdizes, zona oeste de São Paulo, pela coligação do ex-prefeito João Doria (PSDB) na disputa a governador do Estado.

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Batizado de “Casa dos Deputados” pela campanha tucana, o imóvel que era usado como escritório do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim (morto em 2014) virou uma espécie de “Poupatempo Eleitoral” para os 443 candidatos da coligação que disputam uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal. Nele, os postulantes encontram assessoria jurídica e de comunicação, estúdio de vídeo e fotógrafo para produzir imagens e santinhos para usar em suas campanhas. “Isso aqui dá uma segurança pra gente, especialmente para quem nunca fez campanha e não sabe como funciona essa questão administrativa”, disse Abdalla, que tentará se eleger deputado federal pela primeira vez pelo PSD.

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A locação de um espaço para concentrar a estrutura de campanha foi idealizada pelo próprio Doria, que já usou a estratégia em 2016, quando criou a “Casa dos Vereadores” na eleição para prefeito da capital. Na prática, isso permite um controle maior sobre o material de campanha dos aliados e coíbe possíveis boicotes ao candidato majoritário, como já ocorreu com o presidenciável tucano Geraldo Alckmin em outros Estados.

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De acordo com o coordenador do espaço, Jorge Damião, além do suporte aos candidatos, a estrutura permite “padronizar” o material de campanha – todos os santinhos feitos ali têm as fotos de Doria e Alckmin.

“Mais de 50% dos candidatos não têm estrutura nenhuma. Aqui, ele resolve toda a vida dele. Tem orientação jurídica e de marketing para usar na campanha”, afirmou Damião, que chegou a promover um workshop com palestras aos candidatos.

Para quem concorreu em 2014 sem esse aparato, como o deputado estadual Marco Vinholi (PSDB), a casa serve como uma “importante base na capital para candidatos que são do interior”. Ontem, ele foi um dos 29 candidatos a passar pelo “Poupatempo Eleitoral”, que está funcionando há um mês. Os custos da estrutura, que conta com 12 funcionários, são divididos pelos seis partidos da coligação (PSDB, DEM, PSD, PRB, PP e PTC) com recursos do fundo eleitoral.

Majoritários

As campanhas ao Senado dos deputados federais Mara Gabrilli e Ricardo Tripoli também foram centralizadas por Doria e estão operando em outro imóvel, no Butantã, onde fica a produtora do marqueteiro Nelson Biondi, responsável pelas três campanhas. Além do estúdio, o espaço oferece uma espécie de gabinete para cada político. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.