Donos de bingo do Paraná divulgaram manifesto datado do último dia 20, afirmando que “não colaboraram financeiramente com qualquer candidato ou partido político nas eleições de 2002 e nem mandaram confeccionar material de campanha. Afirmam que “chegou o momento de dar um basta a todas essas insinuações e exploração política” e que não concordam com o envolvimento do setor nas denúncias recentemente veiculadas e que teriam por objetivo “tirar proveitos políticos do fato”.
As denúncias de doação por parte de donos de bingo na última eleição foram feitas pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Bingos, Janete do Rocio Nowakowski, e por Francisco Alpendre, advogado do Sindibingo. Na opinião do deputado estadual e secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana (PMDB), a criação desse sindicato foi para “instrumentalizar a denúncia”. Quintana afirmou que vai notificar judicialmente os responsáveis pela denúncia: “Vamos discutir isso na Justiça, que é o fórum competente”.
Ainda segundo ele, a manifestação de donos de bingo de que não doaram dinheiro para campanha de candidato ou partido algum e a afirmação de que não querem ser manipulados politicamente comprova a inexistência do fato e tira as dúvidas que poderiam existir. “As pessoas que fizeram essas denúncias estão sendo desmascaradas. Os empresários donos de bingo não querem ser manipulados politicamente.”
Documento
Assinam o manifesto os donos dos bingos Las Vegas, com uma sede em Foz do Iguaçu e outra em Ponta Grossa, do Roma Bingo, Midas Golden Bingo, Big Bingo e Golden Bingo de Ponta Grossa. Dois deles estão com seus empreendimentos abertos em Ponta Grossa por força de uma medida cautelar concedida pelo Supremo Tribunal de Justiça em Brasília.
No manifesto seus signatários enfatizam que as empresas foram legalmente constituídas para exercer atividades de bingo permanente e videoloterias. Refutam “toda e qualquer insinuação de que o conjunto de atividades de bingo permanente no Paraná esteja ligado com lavagem de dinheiro e narcotráfico”.
E destacam que ao serem fechados, em abril deste ano, os bingos empregavam cerca de quatro mil funcionários e boa parte dessas empresas “passava momentos difíceis, a exemplo de toda a economia brasileira”.
Finalmente, declaram que “chegou o momento de dar um basta a todas essas insinuações e exploração política” e garantem que não colaboraram financeiramente com qualquer candidato ou partido político nas eleições de 2002 e nem mandaram confeccionar material de campanha: “Por essas razões não concordamos com o envolvimento do setor nas denúncias recentemente veiculadas e que têm por objetivo tirar proveitos políticos do fato”.
Jogo político
O presidente do Sindicato dos Proprietários de Bingos do Paraná, Jeanfranco Cesare Zambom, disse que não assinou e nem assinará o manifesto porque não concorda com o seu conteúdo. Esta seria, segundo ele, a posição da maioria dos 18 donos de casas de bingo em Curitiba. Ele viu no documento divulgado ontem uma peça de “um jogo político” articulado pelo presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, que não reflete o pensamento da maioria dos proprietários de empresas do setor.
Projeto autoriza jogos em Curitiba
A Câmara Municipal de Curitiba irá votar amanhã o projeto de lei ordinária de iniciativa do vereador Fábio Camargo (sem partido), que regulamenta a autorização e a fiscalização de jogos em Curitiba. A proposição foi votada em regime de urgência, o que irritou o bloco de oposição. Para derrubar o projeto a oposição espera conseguir dezessete assinaturas.
“O jogo é regulamentado pela Constituição Federal, não cabe à Câmara legislar sobre a matéria”, afirmou Paulo Salamuni (PMDB), líder do bloco oposicionista. “A apresentação deste projeto serve apenas para desviar a atenção dos reais problemas da cidade. Além disso é uma afronta ao poder do governo. Toda esta discussão é desnecessária, porque é inconstitucional.”
Até agora o bloco não conseguiu o número de assinaturas necessárias para derrubar o projeto. Votam contra os quatro vereadores do PMDB – Salamuni, Celso Torquato, Reinhold Stephanes Júnior e Luiz Felipe Braga Cortes – , seis do PT – André Passos, Adenival Gomes, Roseli Isidoro, Nilton Brandão, Pedro Paulo e Paulo Lamarca -, e Jorge Bernardi, do PDT. “Além disso a bancada religiosa é contra a reabertura dos bingos, e esperamos poder contar com os votos do PL (pastor Valdemir Soares e Jonathas Pirkiel), do Antônio Bueno (PPS) e do José Roberto Sandoval (PSC)”, adiantou Salamuni.
Para Nilton Brandão, líder do PT na Câmara, ainda há tempo de articular com o bloco evangélico da Câmara. “O projeto foi jogado em cima da hora, por isso ele foi aprovado em regime de urgência. Mas como ele tem a rejeição dos grupos religiosos acredito que ele não será aprovado”, opinou. “Vamos tentar sensibilizar os vereadores.”
Justificativa
De acordo com o vereador Fábio Camargo vários motivos justificam a reabertura das casas de bingo. “A regulamentação das casas de bingo gera empregos e receitas ao município, assim como auxilia entidades sociais que são destinadas à população mais necessitada e carente. No Rio de Janeiro e em Santa Catarina, a arrecadação dos tributos vindos dessas casas de apostas ajuda na construção de moradias populares, além de estimular o esporte. Jogos como o Toto Bola e o Pimba, que são regulamentados, geram 7% de tributos ao Estado enquanto o bingo traz 23%”, justificou.
“Duas vezes por semana, às terças e quintas, partem de Curitiba cerca de 200 ônibus lotados de pessoas em direção a Joinville para jogar e gerar tributos ao Estado de Santa Catarina. Além disso despachos e liminares do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmam a legalidade e confiabilidade do sistema que envolve as casas de bingo”, afirmou Camargo.
Se for aprovado o projeto amanhã ele irá para segunda votação e depois encaminhado para o prefeito Cássio Taniguchi (PFL), que poderá vetar ou aprovar. No caso de veto ele volta para a Câmara, que terá que votar se aceita ou derruba o veto do prefeito. (Fabiane Prohmann)
