O Ministério Público Federal (MPF) ouve hoje, em Curitiba, o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona. O depoimento está previsto para começar às 14h30, em local não revelado. O doleiro vai falar à força-tarefa criada em 2003 para investigar as contas CC-5 e o esquema de evasão de divisas através da agência do Banestado em Nova York. Mais tarde foram estendidas para outros métodos de envio ilegal de dinheiro para paraísos fiscais.
Os procuradores Vladimir Aras e Carlos Fernando Lima, que coordenam a força-tarefa no Paraná, esclareceram que o depoimento do doleiro não tem a ver com a CPMI dos Correios e sim com a seqüência das investigações que se desenvolvem desde a revelação das operações irregulares em Foz do Iguaçu. O MPF adiantou que o conteúdo do depoimento é sigiloso. Também estarão em Curitiba hoje os procuradores Carlos Augusto Cazarré e Januário Paludo, da Procuradoria da República na 4.ª Região. Eles vão iniciar as negociações com Toninho da Barcelona e seus advogados, mas até ontem não havia ainda uma proposta para a delação premiada. Em depoimento à CPMI dos Correios na terça-feira, Barcelona disse que operou para políticos ligados ao PT. Referiu-se a ligações com parlamentares e dirigentes do partido, entre eles o ex-ministro José Dirceu, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Mas não apresentou qualquer prova dessas movimentações. Levantou ainda suspeitas sobre o envio de recursos ao exterior provenientes de corrupção na Prefeitura de Santo André (SP), durante a gestão petista, que teria sido feito por ele.
A força-tarefa pretende ouvir o doleiro, que atuava no Brasil em parceria com Hélio Renato Laniado, num trabalho de compensação paralela de dólares, sobre o Trade Link. E quer também a quebra dos sigilos para descobrir supostos esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas: "Caso surjam nomes de pessoas com foro privilegiado, mandaremos o caso para a Procuradoria Geral da República. Por enquanto não temos informações", afirmou Aras.
Segundo o procurador paranaense, o doleiro Richard Waterloo, citado por Barcelona no depoimento à CPMI, é um dos suspeitos investigados no caso Banestado. Waterloo e seu sócio, Raul Henrique Sraur, são donos de três offshores: a Sherebone, a Dairland e a Deraboix, todas com contas no MTB Bank, a mesma instituição que Toninho da Barcelona disse à CPMI ser a maior "caixa-preta" do País, negociando 90% dos dólares que entram e saem do País ilegalmente.
